O primeiro contacto com o rap teve origem em 1998/1999. Ebony começou por ouvir Black Company, DaWeasel, Boss AC, Sam The Kid, entre outros… Mais tarde, os seus conhecimentos nesta área expandiram-se devido a um programa de Hip Hop na Rádio Marginal, onde era dado a conhecer aquilo que se andava a fazer no Rap Nacional e Internacional.
Por volta de 2001, após ter sido formada a krew ADK, teve o primeiro contacto com um programa de produção musical. Em 2006/2007, Ebony decide dedicar-se à criação de letras e dos seus próprios instrumentais.
Por essa altura foi criado uma espécie de grupo musical intitulado “5 VIOLINOS”. 5V destacou-se pelo seu género musical bastante descontraído, divertido e underground, onde a criatividade tem o seu espaço e os temas mais improváveis são alvo de estudo e exploração.
Actualmente, Ebony encontra-se bastante activo e ligado a esta vertente musical e nela se pretende manter estando sempre receptivo a novas participações, produções ou projectos.
Conta-nos como começaste a tua carreira e quais ou quem foram as tuas influências.
O meu primeiro contacto com o rap teve origem em 1998/1999… Na altura, com 11 anos, comecei por ouvir Black Company, DaWeasel, Boss AC, Sam The Kid, entre outros… Lembro-me que nessa época existia um programa de Hip Hop na Rádio Marginal o qual eu seguia religiosamente. Foi através desse programa e de amigos na escola que o meu interesse por esta cultura tomou forma.
Esse interesse e curiosidade foi sempre crescendo e por volta de 2001 decidi experimentar e explorar um programa de produção musical (Fruity Loops 4). Já tinha composto alguns instrumentais e é no decorrer de 2006 que começo a escrever algumas letras e a gravar os meus primeiros sons. O material de gravação dessa altura é o mesmo que uso actualmente, um velhinho Pentium 3 que comprei em segunda mão, um microfone barato e uns phones com “right” e “left” (risos). Acima de tudo é fundamental que consigamos fazer aquilo de que gostamos e se o talento estiver lá ele irá sobressair independentemente do tipo de material de gravação/produção que se tenha.
Como artista, o que trazes de novo à música e o que tens de especial para que as pessoas te oiçam?
Trazer alguma coisa de novo à música? Sinceramente não sei se trago, no entanto essa questão é um pouco relativa pois cada pessoa reage de forma diferente a estímulos iguais. Não é minha filosofia fazer um tipo de música com a qual não me identifique ou não acredite só para agradar a determinado grupo de pessoas. Pessoalmente, a minha música traz-me muita coisa, sentimentos, emoções, esperança, recordações... Uma das melhores recompensas do meu curto percurso musical é o facto de estar a receber por parte de um público muito geral e abrangente um óptimo feedback.
Cada vez mais existe uma saturação musical, verifica-se em muitos casos um certo efeito de âncora ou aprisionamento a determinados padrões, regras e valores que a própria sociedade vai gerando. No que diz respeito ao Rap isso é bem visível, existindo ainda um forte recurso à exploração de temáticas do “eu sou melhor que tu”; “eu faço e aconteço”, numa constante luta e disputa entre regiões/zonas e mcs. Não digo que nunca o fiz, aliás, algumas das minhas músicas têm esse sentimento bastante vincado, no entanto assumo uma preocupação em tentar abordar novos temas, uns mais sérios que outros, numa procura constante de fazer e abordar algo diferente, transmitindo outras vibrações e reacções nos ouvintes.
Agravada com a crise mundial financeira, o espírito e mente das pessoas encontram-se mais vulneráveis e os sentimentos de tristeza e incapacidade são cada vez mais comuns. Na minha opinião, a música poderá ter aqui um papel importante sendo a minha preocupação mostrar que através do rap consigo fazer a música que eu gosto sem ter que necessariamente abordar temáticas negativistas ou agressivas. Um dos exemplos é o facto da letra da música “EBONY – Falta Colectiva” ter sido requisitada por parte de uma Professora de Língua Portuguesa do ensino básico que se encontra a dar o texto literário a alunos de 13, 14 e 15 anos, pouco motivados para a escola. Segundo a Professora esta música transmitiu-lhe uma inspiração e a iniciativa tem como objectivo usar o rap como forma de motivação, para que os seus alunos não abandonem a escola e consigam terminar o 2º ciclo.
Que tipo de temas costumas abordar nas letras das tuas músicas?
Possuo músicas nas quais abordo os locais onde cresci tendo passado a minha infância e adolescência (Lumiar - Q.D.L. e Telheiras - zonaT). Noutras faço uma espécie de retrospecção da minha vida em termos profissionais e das dificuldades que eu, assim como qualquer outro jovem, poderá vir a enfrentar. Abordo também temas mais pessoais e sentimentais como por exemplo a paixão ou a vontade de amar. Num desses sons surge o tema (“EBONY – Nha Baby”) numa tentativa de exploração do ritmo associado à kizomba.
Dou bastante importância ao refrão da letra e procuro não ficar preso a um único tema ou estilo podendo explorar alguns temas mais originais e improváveis como por exemplo (“EBONY – Falta Colectiva”; “EBONY – Real Undergroung Game” ou “5V – Eu vi o Pai Natal”). Actualmente estou a desenvolver um trabalho musical no âmbito de um concurso, “Caça talentos 2009”, organizado pela empresa em que trabalho.
O que achas desta "guerra" entre música comercial vs underground? A tua música é comercial ou underground?
Sinceramente não tenho uma opinião muito formada acerca dessa temática. No meu caso, não tenho a preocupação de me identificar com um ou outro estilo. Tenho sim, uma procura pela auto realização sendo fundamental gostar daquilo que faço. Comercial ou Underground? Não me tira o sono, se eu gostar da minha música é óptimo, se outros também gostarem melhor ainda. Tenho que ser honesto, se o trabalho que eu gosto de fazer tiver audiências ou seguidores e fosse alvo de comercialização nas lojas ou alvo de interesse por parte dos media que culpa tinha eu? E porque não?
O importante é a pessoa manter-se fiel a si mesma e aos seus valores. Penso que a passagem para o mundo da música comercial poderá ser um passo perigoso para alguns.Em Portugal existem alguns desses exemplos. Lembro-me que, alguns dos grupos/artistas que se encontram nessas circunstâncias tinham um tipo de estilo que os caracterizava e fazia com que eu me identificasse com o seu tipo de música e mensagem. Com toda a sua mediatização e, nalguns casos saturação causada pelos média, alguns foram perderam esse elemento ou elo de ligação para como público que os seguia ou acompanhava pois a sua música tornou-se um pouco banal ou descartável.
Por outro lado, ganharam uma nova projecção e novos fãs. Portanto cabe a cada um de nós decidir até onde quer levar a sua música, podendo ou não traçar uma estratégia de sonoridade mais comercial ou mais underground, não devendo ser julgado por isso.No meu caso particular penso que o lado underground é o que mais me define e está patente na maioria das minhas músicas, no entanto, admito que possuo alguns projectos que poderão facilmente ser inseridos numa cultura mais comercial.
Como é uma actuação tua ao vivo?
È qualquer coisa de espectacular e memorável! (risos). Agora a sério, ainda não realizei nenhuma actuação ao vivo, não foi por falta de propostas mas por achar que ainda tenho que evoluir em muitos aspectos. Não escondo que essa poderá vir a ser uma experiencia e vertente aliciadora mas de momento não é aquilo em que mais quero apostar. Pretendo ter os pés bem assentes na terra e continuar a ter a consciência de que tenho potencial e criatividade para desenvolver mais e melhor trabalho. É nisso que me quero concentrar.
Vives somente da música ou tens outra profissão?
A música é um dos meus passatempos ou hobbies. Terminei em Julho de 2009 a minha Licenciatura e desde 2004 trabalho numa empresa de segurança privada.
Qual é aquela música que nunca pode faltar no teu mp3?
“EBONY – Real Underground Game”. No meu mp3 tem que haver sempre Kizomba (Neuza, Nelson Freitas…); Reggaeton (Daddy Yankee – Somos de Calle Remix); R&B (R. Kelly); Rap (EBONY). São apenas alguns exemplos.
Neste momento quais são os teus principais obectivos a nível pessoal e profissional?
A nível musical o meu objectivo é continuar a ter prazer naquilo que faço, quer seja na composição de instrumentais quer seja na elaboração de letras. Como referi, terminei a minha licenciatura em Comunicação Aplicada: Marketing, Publicidade e Relações Públicas. Encontro-me à procura de emprego nesse e noutros sectores (fica aqui o apelo: se alguém tiver alguma informação que me possa vir a ser útil pode-me contactar, eu agradeço).
Mesmo que não consigas ter sucesso na música, vais continuar a lutar até conseguir?
A música não é a minha profissão. Pretendo seguir a área na qual me licenciei e aí sim ter sucesso. Se conseguir conciliar ambas e ser feliz nas duas seria muito bom mas de momento não procuro obter o sucesso nem uma reputação a nível musical, apenas o respeito por aquilo que faço.
Deixa uma mensagem especial aos leitores do Blog Curto Circuito/Nação HipHop
Em primeiro lugar queria agradecer ao Blog Curto Circuito pelo interesse manifestado em divulgar o meu trabalho e por me ter seleccionado para a realização desta entrevista. Penso que é uma mais valia a aposta em novos valores e artistas que não têm grande expressão junto do público. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para informar que gostava de desenvolver um projecto (talvez uma mixtape) apenas com músicas com um sentimento “love”. O convite estende-se não só para os leitores deste Blog mas também para qualquer mc ou banda, independentemente do estilo musical em que se enquadre (rap, r&b, reaggae, kizomba…). Quem estiver interessado em participar nesta iniciativa e quiser enviar sons ou saber mais informações pode contactar-me para alexandrebfilipe@hotmail.com
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