Stereossauro, aka Ovelha Negra, está de volta com mais uma pessoalíssima viagem pela música portuguesa que percorre a distância que separa os GNR dos Terrakota e os Deolinda de Bezegol como se de um passinho apenas se tratasse. Por cima de tudo isto uma intensa névoa psicadélica, lo-fi por vezes, que esconde um espírito irrequieto e uma criatividade invulgar. Tem para download a Mix Até Borras-te Vol. 2 e vol.1.
Como nasceu o teu interesse pela música?
Sempre me interessei muito por musica, e por volta dos 10 anos "descobri" a vasta coleção de discos dos meus tios, que além dos discos ainda tinham guitarras e uma bateria lá por casa. Foi como largarem um guloso numa loja de doces. Foi nessa casa e nessa altura que começei a fazer diggin, sem saber que o estava a fazer, ia para lá com uma cassete e gravava uma ou duas faixas de cada álbum para ouvir no walkman, e mesmo nos dias de hoje vou lá e descubro cenas incrivéis que sempre ali estiveram. Considero-me um privelegiado por ter tido acesso a tanta musica numa altura em que não havia internet nem tv cabo.
Qual o momento em que decidiste ser dj?
Foi e é o scratch, aliás eu não me considero um DJ, na perspectiva de por som em festas, eu sou GIRADISQUISTA! A sonoridade estranha e complexa do scratch cativou-me à primeira audição. E claro que eventualmente ponho som em festas, mas raramente, e sempre com o objectivo de ganhar algum dinheiro para comprar mais discos.
Qual foi o primeiro dj que te inspirou?
O primeiro clique foi com o Terminator X dos Public Enemy, que sempre foram umas das bandas que mais ouvi, mas quem mais me inspirou foi o Mixmaster Mike pela espectacularidade e pela quantidade de técnicas que desenvolveu, a experimentação nos seus álbuns em nome próprio é algo gigantesco.
Como nasceu a amizade e colaboração com o Dj Ride?
Ambos somos das Caldas da Raínha, que é uma cidade pequena, e há cerca de sete anos quando começámos a scratchar éramos provavelmente as duas unicas pessoas que o faziam nas Caldas e por isso era inevitável conhecê-lo. Depois rapidamente percebemos que tínhamos objectivos em comum e que podiamos aprender muito um com o outro, e sempre houve aquela competição saudável para ver quem fazia o beat mais marado, o resultado dessas colaborações e picardias foi uma evolução musical e uma amizade daquelas mesmo à antiga. É sem duvida um grande amigo e uma grande influência. Ele já faz parte da familia e tudo.
Quais são as tuas ferramentas de produção preferidas?
Ableton Live, pads e teclado midi, giradiscos e mixer.
Como é o teu set up de estudio?
As ferramentas descritas na resposta anterior e batuques vários, baixo e guitarra eléctrica, um mic minimamente decente, boss dd6 e um crybaby.
Que papel representa o diggin no teu universo?
O diggin é uma doença. Crónica! É algo que está tão entranhado que já não sai. Basicamente procuro discos em todo o lado, desde a casa dos amigos e familia, à internet, lojas e feiras de velharias. Sempre que viajo para algum lado vou com a fezada de encontrar discos, se fosse ao deserto procurava discos na areia. A sensação de ir para casa com dois ou três discos debaixo do braço para ouvir e passar umas horas a samplar é a melhor parte, "descobrir" novos sons é algo que me obrigo a fazer pelo menos uma vez por semana.
Queres apresentar a mixtape?
Esta mixtape é o segundo volume da série "até borras-te", o conceito básico é pegar em musica portuguesa e remisturá-la, o primeiro volume foi dedicado ao hip hop e a técnica base foi o scratch, no segundo volume usei uma aproximação diferente, com influências jamaicanas, e procurei uma perspectiva DUB da nossa cultura musical. As remisturas foram feitas com o ableton live e com alguns instrumentos. Sempre com a intenção de realçar que se faz boa musica em Portugal e que o nosso "espólio" musical é imenso e em termos de remisturas está practicamente intocado salvo exepções pontuais.
Para esta mixtape usei samples de GNR, Buraka Som Sistema, Ena Pá 2000, Bezegol, Kussundulola, Nerve, Kumpania Algazarra, Jorge Palma, Iodo, Deolinda, Terrakota, Dj Ride, e também samples de cinema, rádio e televisão, e uma dose de bom humor para ajudar à mistura.
A capa foi feita por doutor Ricardo, a foto foi tirado pelo Jorge Vieira.
Espero que gostem e que se divirtam a ouvir o "Até Borras-te"!
Top 5 produtores nacionais:
Dj Ride (o cafajeste mais safado)
Armando Teixeira (vai do metal ao soul como quem bebe um copo de água)
C-real (os primeiros álbuns de Mind da Gap ainda me batem)
Sam the Kid (um talento fora do comum)
New Max (o phalasolo chega e sobra para estar nesta lista)
Top 5 produtores internacionais
Madlib
Lee Perry
Aphex Twin
Jay D
Dust Brothers
Top 5 DJs
Dj Ride
Mixmaster Mike
Dj Shadow
Ricci Rucker
Dj Tigerstyle
Top 5 máquinas
Technics 1210 mk2
Moog little fatty
Boss dd6
Akay mpd 24
Computadores
Top 5 breaks
"head hunters" do herbie, qualquer faixa do álbum dá
"fools" deep purple
"supersticious" pelos ghana soul explosion
"funky drummer" J Brown
e qualquer coisa do Jimmy Hendrix
Quero mandar aquele abraço a toda a gente que me tem ajudado de uma maneira ou de outra, à minha familia, Ride , Calvete, Ricardo e companhia, X-acto, Henrique Amaro e Rui Abreu, Espectro Cliché, e um especial obrigado ao Beat Laden e ao Nerve por me terem confiado pistas para eu remixar.
Entrevista feita por 24 Bass
CLICA NAS IMAGENS E FAZ DOWNLOAD
ATÉ BORRAS-TE VOL 1
ATÉ BORRAS-TE VOL. 2
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