quarta-feira, 1 de julho de 2009

Rappers avaliam políticas de igualdade racial como positivas, mas pedem mais avanços



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A 2ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial reuniu ativistas do movimento negro, políticos, gestores públicos e também artistas. Entre eles, rappers que são considerados referências para a juventude negra, como Mano Brown, do grupo Racionais MC´s, Rapin Hood e GOG.

Eles participaram dos grupos de trabalho e plenárias, mas também chamaram a atenção nos corredores e palcos da conferência. Em entrevistas, debates ou mesmo no rap, avaliaram as políticas de igualdade racial e ações afirmativas como positivas, mas reivindicaram avanços e criticaram a mídia por não acompanhar as discussões realizadas na conferência deste final de semana.

O rapper Mano Brown defendeu as cotas nas universidades, mas criticou a forma como têm sido divulgadas pelo governo e pelos meios de comunicação. “Acho que o governo deveria ter mais habilidade para lidar com as cotas. O estudante da cota não deve ser visto como um beneficiado. Tem que ser visto como um cara que trabalhou muito e não foi indenizado pelos direitos. Não como quem vai receber esmola do patrão”, disse Brown.

“Se a cor realmente para nós, negros, fosse importante igual é para os brancos, a gente era muito mais unido. A sociedade branca dita as regras do jogo e ai de quem quebrar. Nós sobrevivemos, não vivemos. Sobrevivemos num metro quadrado com cinco, seis, sete pessoas. E o que mais mata nosso povo hoje é o estresse, não é a polícia, que ainda persegue preto como se fosse escravo fujão.”

Assim como Brown, o rapper paulista Rapin Hood defendeu as reparações como políticas necessárias para aumentar o número de jovens negros nas universidades e no mercado de trabalho. Ele avalia a Secretaria Especial de Políticas de Promomção da Igualdade Racial (Seppir) como uma iniciativa que já trouxe mudança.

“É o começo de um tudo. Daqui a 20 anos quando a gente olhar isso aqui vai ver que valeu a pena”, disse Hood, para quem o rap tem um papel importante neste debate. “Eu acredito que o rap, junto com outras formas de expressão da cultura negra, tem sido um dos responsáveis por aglutinar o povo preto. O rap cutucou a ferida.”

Parceiro de Hood, o rapper Pixote também ressaltou o compromisso social dos artistas negros e disse que, em muitos momentos, os grupos de rap foram prejudicados por não falar de temas “mais leves”, presentes em estilos como o funk e o axé.

“Eu não espero nada do governo pro rap. O governo é o governo, o rap é o rap. Nossa forma de ajudar é dar o salve nas letras no show. O rap pode caminhar com o governo, mas pode caminhar sozinho, sendo dançante e orientando. A gente está com os pé e a cabeça dentro da causa”, garantiu Pixote.

O rapper brasiliense GOG também destacou a presença da cultura jovem negra no Conferência Nacional de Promoção de Igualdade Racial e defendeu as políticas afirmativas. “Eu que sou de Brasília é a primeira vez que chego aqui no Centro de Convenções. Precisamos habitar esses locais, que são lugares públicos, mas totalmente fechados para nós”, criticou GOG.

“Sou a favor da política de cotas, das ações afirmativas. Trabalhamos 320 anos nessa terra e não recebemos terra, cavalo, nada. E na hora de discutir as pessoas ainda têm a cara de pau de dizer que estamos criando uma situação de apartheid no Brasil. Na realidade, eles não querem discutir. Nossa caminhada precisa ser de avanço e eu acredito que essa conferência tem tudo pra falar assim, como avanço.”

Com informações da Agência Brasil.

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