Esta entrevista é com Dj Glue, membro dos Da Weasel, que ao som de DubStep falou do início da sua carreira, dos projectos para o futuro e da sua visão do Rap Tuga.
Como foi a tua aproximação com a cultura Hip Hop?
Nasceu de duas cenas, do Graffiti e de ouvir discos no gira discos. Não fui à procura, foi natural. Comecei a pintar e o som que ouvia era Hip Hop. Não foi por ninguém me mostrar ou influenciar.
Consegues dizer o ano?
O 1o contacto com o Hip Hop foi por volta de 94 95. Só mais tarde em 98 é que comecei como Dj.
O que te influenciou a te tornares Dj?
Foi a música em si. Sempre gostei de mostrar as músicas de que gostava às outras pessoas e sendo Dj posso manipular a música a meu gosto e isso é muito interessante. O trabalho do Dj é esse, mostrar músicas que as pessoas não conhecem assim como as que tu gostas.
Qual foi a tua inspiração?
O Chico da Godzila. Era la que ia comprar discos e ele ajudou-me h interessar mais pelo Djing e compreender melhor a música. Na altura que mudaram de sítio, para perto da Casa dos Bicos, fartei-me de o chatear para ele dar umas aulas. Ele fez la uns cursos e nessa altura costumava ficar na loja quando fechava, só a ouvir discos.
Que material usas?
Tenho 2 set ups, um de shows que tem 2 pratos PDX 2000, mesa Vestax PMC 05 VL, Serato e um MacBook. O set u de estúdio é com 2 pratos Technics 1210 MK2, mesa Rane TTM 57 SL.
Houve uma evolução nos materiais para Dj. Como vês essa evolução e em que é que isso te facilita? Tens acesso a materiais que não existiam antes?
A evolução mais radical que houve nos últimos tempos foi a passagem do analógico para o digital. Neste momento tens à tua disposição tanto o scratch Live como o Tractor, que são softwares de manipulação de som digital brutais. São ferramentas que vieram alterar completamente a maneira de um Dj trabalhar. Com eles podes acompanhar a evolução natural das coisas e levar a arte de brincar com música para outro nível.
O que te inspira?
Andar de bicicleta na rua, fazer pesquisas na net, ver o que saiu de novo, procurar novos sons, mas sobretudo andar na rua, essa é a minha maior inspiração.
Fala-me da tua discografia?
Tenho 2 álbuns gravados com os Da Weasel, Re- Definições e Anos Escárnio e Maldizer. Depois tenho várias participações com artistas como Sérgio Godinho, Boss Ac, Dino, entre outros.
Em que projectos estas envolvido?
Estou a fazer uma mixtape que está quase acabada. Quero lançar mixtapes de 2 em 2 meses de vários estilos, mas divididos. Ou seja, em vez de misturar tudo, cada mixtape vai ter o seu estilo, Electro, Dubstep, Hip Hop, Funk, clássicos, música dos anos 90.
Como identificas a tua música?
Eu não tenho estado muito virado para a produção, tenho feito uns edits para ter música diferente dos outros. Hoje quando vais a um club à noite e se ouvires o mesmo estilo de música, notas que são sempre as mesmas coisas. É isso que quero mudar. Tenho feito uns mash ups e não os passo a ninguém para poder ser único a utilizar.
Como é trabalhar com os Da Weasel, uma das maiores bandas do país?
Eles ensinaram-me muito sobre música, como se contrói todo o processo de gravação. Nunca tinha feito nada disso, estava completamente fora. Sinto que se não estivesse na banda a minha evolução seria mais lenta. Trabalhar com eles foi e é das melhores coisas da minha vida.
Como é que surgiu o convite para a banda?
Eu já conhecia o Quaresma há algum tempo. Quando comecei a pôr música ele viu-me e disse que precisavam dum Dj e se eu estaria interessado em ir a um ensaio para ver como era. Algum tempo depois fui apresentado ao resto do pessoal e combinamos um ensaio. No final perguntaram-me se eu queria fazer a tour com eles, que naquela altura já tinha por volta de 30 datas marcadas. Obviamente disse que sim.
Sabemos que marcas presença em muitos dos eventos na capital, como é a noite de Lisboa?
Um Dj tem de saber o que as pessoas gostam de ouvir, ver as reacções, ter o que as pessoas querem. Por isso vou ao máximo de sítios que posso. Há pessoas que dizem estás em todo o lado, mas para mim é trabalho.
Consegues mencionar uma situação que te tenha marcado a trabalhar com outros artistas?
Das várias pessoas que trabalhei, o que notei é que todas trabalham de forma diferente. Mas assim aprendes muito, vais tendo lições de vários sítios. É como ir à escola.
Campeonatos de Dj, nunca participaste porquê?
Eu nunca quis participar no ITF ou DMC, porque não é o que quero como Dj. Não acho que esses 6minutos me vão classificar como Dj. Admiro muito o Turntablism não é o meu estilo. Eu sou mais Dj de festas, mas curto treinar em casa, fazer uns truques. Prefiro estar em casa a pensar no set que vou fazer à noite do que pensar numa rotina de poucos minutos.
Como vês a ligação dos meios de comunicação ao Rap?
Em termos de media é pouco. O hip hop saiu cá para fora mas não está massificado, sem ser esta revista não tens mais nada. Na televisão tinhas o programa do Mariño mas acabou e não tens neste momento nada que o substitua. A MTV tem dado apoio e tem-se associado a alguns eventos de hip hop.
E como está o mercado nacional?
No meu ponto de vista está parado. Há muitos rappers a cantar igual e acho que deviam sair daquilo que é convencional no rap, até porque sendo um mercado pequeno, é difícil une pessoa fazer-se notar. Há muita gente a fazer igual aos outros e acaba por passar despercebido. Eu estou mesmo farto da cena tradicional do rapper a rimas por cima do beat. Se não trouxer nada de novo não interessa. O Hallowen, por exemplo, é um bocado fora mas é diferente. Tu não vês nada assim, ele conseguiu diferenciar-se de toda a gente.
Para o futuro o que poderemos aguardar de Dj Glue?
Vou ter um espaço na rádio brevemente e quero continuar a lançar MixTapes, para mostrar cenas novas ao pessoal. O resto vai-se construindo, não tenho grandes planos para o futuro.
Queres deixar alguma mensagem especial ou props para alguém?
O importante é o pessoal ter os horizontes sempre abertos e descobrirem cenas novas.
Entrevista retirada da Freestyle Magazine
0 comentários:
Postar um comentário