sexta-feira, 11 de setembro de 2009

HIP HOP ART - A VOZ DA REVOLTA






Nos finais de 2001, na ilha de São Vicente, dava-se por constituído o grupo Hip Hop Art, um colectivo que modificou o cenário da música rap em Cabo Verde. Inicialmente era constituído por apenas 3 elementos, mas pouco tempo depois, chegou a atingir aproximadamente 17 rappers.

Dividindo-se em subgrupos – Espei, Espião d’Nort, Subterrâneo, Esquadrão –,Hip Hop Art começou a actuar em palcos de pequena magnitude. Consistia-se, essencialmente, em actividades culturais e recreativas organizadas nos bairros suburbanos de São Vicente e em escolas da ilha. Contudo, foi em 2003 que o grupo ganhou a sua constituição actual. Depois da saída de alguns membros, o colectivo viu-se reduzido a 8 elementos – José, Aluizio, Batchart, 4º K, 3º Voz,Expavi, Boss PP e GG. A medida que o grupo aparecia nos diversos concertos, era notável o amadurecimento de um projecto promissor.

Por isso, começam a surgir as primeiras digressões fora da ilha: Santo Antão e Santiago foram os destinos. Na cidade Natal, Mindelo, o grupo, pouco a pouco, adquiria o carisma e o respeito do público. Foi nesse contexto que surgiu, em 2004, a grande oportunidade: Hip Hop Art pisa pela primeira vez o palco internacional de música do Festival da Baia das Gatas. O grupo brindou o público com um trabalho que estava há muito clamando por reconhecimento. A proeza repetiu-se por mais 2 anos consecutivos: em 2005 e 2006 voltou a actuar nesse palco.

O 1º álbum de originais é tornado público em Setembro de 2004. Intitulado"Retrod Repod", o CD movimentou multidões em espectáculos tanto na ilha de São Vicente como nas ilhas de Santo Antão, Sal, São Nicolau e Santiago. "Retrod Repod", assim como o nome indica, é um retrato da sociedade cabo-verdiana numa abordagem musical, onde traz a tona problemáticas sociais, política e económica que assolam Cabo Verde.




Este álbum valeu ao Hip Hop Art o prémio de "Melhor Grupo Hip Hop" atribuído pela gala "Nos Muzka", no mesmo ano do lançamento desse CD. A faixa musical"Manifestação Escolar" foi nomeada, na mesma gala, para o premio de melhor composição. Nos anos seguintes, 2005 e 2006, o Hip Hop Art volta a conquistar esse mesmo título. De igual forma, a faixa "Última carta" conseguiu o prémio de música do ano em 2005, num "Top Show" realizado pela Rádio de Cabo Verde.

Desde então, o grupo nunca mais parou, marcando presença em diversos e importantes espectáculos de beneficência, comícios, bailes populares, Galas e eventos como "Rappers Unid", Miss Cabo Verde, entre outros.

O colectivo Hip Hop Art é um exemplo de uma juventude activa e dinâmica que vê a música como uma ferramenta de intervenção social. Nessa conjuntura, em 2007 o grupo "grita", na voz de um dos seus mentores, Expavi, de que a luta deve continuar, através o seu projecto a solo: "A luta continua". Um trabalho que aborda uma vez mais o quotidiano, colocando tónica nos aspectos nefastos da sociedade.

Em 2008, Hip Hop Art regressa, em grande, ao festival da Baia das Gatas, onde, a título de antevisão, apresenta este novo álbum: "Voz d`revolta". 2008 marca uma viragem na história do grupo: Hip Hop Art torna as suas rimas em acções. Envolve-se em campanhas de solidariedade e voluntariado para desenvolvimento comunitário. No mês de Dezembro, do ano passado, desenvolve uma campanha de recolha de géneros alimentícios, peças de vestuário e brinquedos em benefício da comunidade desfavorecida do "Bairro de Lata", na cidade de Mindelo, São Vicente. Uma acção que põe em evidência a vontade de mudança desses jovens. E Hip Hop Art não vai parar por aqui, contando continuar a desenvolver actividades do género.



A medida que o tempo passa, o grupo demonstra mais maturidade e autonomia.Hip Hop Art sente-se em condições para produzir e editar os seus próprios trabalhos. O CD "Bo t`uvim" é a prova viva deste feito. Um projecto a solo, desta feita, do elemento GG. Produzido e editado pelas mãos do próprio grupo. Este álbum marca uma nova era do grupo que, começa, em grande, em 2009. Um ano que prometem trazer os projectos a solo dos restantes elementos. E o hip hop cabo-verdiano soma e segue… (to be continued)



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