Como espoletaste o interesse pelo Rap?
Eu cresci a ouvir rap em casa, porque a minha irmã consumia rap como se fosse Public Enemy. Ouvia também outros grupos que batiam e eu não conhecia. Tinha uns 13 anos e ela aparecia com cassetes. Fui apanhado pela cena. Um ano mais tarde comecei a escrever umas rimas, mas era tudo brincadeira. Lá para os 16 anos comecei a levar o rap mais a sério e, mais ou menos em 97, subi pela primeira vez ao palco.
Fizztape feita numa semana? Como conseguiste gerir tudo neste espaço de tempo?
A Fizztape surgiu numa altura em que eu estava a tratar das cenas do meu álbum e, como estava com uns atrasos, achei que o people ia queres ouvir coisas minhas. Nessa altura estava inspirado e a consumir muito rap. Então, pensei em fazer uma mixtape e, no espaço duma semana, escolhi os beats, até porque nessa altura estava em Londres e a cidade estava paralisada por causa da neve e não podia sair de casa nem pra ir trabalhar.
Irmandade Fizz e Quim, para quando um trabalho juntos?
Fizz: eu e o Quim estávamos a preparar um álbum, mas houve uns imprevistos pelo meio. O Quim esteve encarcerado o que dificultou a conclusão do álbum. No entanto, isso não impediu que continuassemos a trabalhar e que a nossa dica se mantivesse viva. Mesmo ele estando dentro, eu enviei-lhe um rádio para ele poder ouvir música para o incentivar a continuar a escrever. Enviei-lhe também beats para, quando ele saísse, estar inspirado para fazermos coisas novas. Não queria que a nossa cena acabasse por ele estar encarcerado. Entretanto iniciei o meu projecto, mas não queria deixar Fizz e Quim para trás. Então fiz uns beats, preparei as coisas na medida do possível, e posso dizer que Bros For Life está noventa por cento feito.
Quim: O nosso projecto ficou em stand by devido ao meu encarceramento. Entretanto, decidimos lançar uns sons pra rua, que eram de um projecto que tínhamos antes do Bros For Life e o people curtiu. Estão à espera de novas cenas e nós estamos a trabalhar pra isso. Num futuro próximo, terão o Bros For Life nas ruas.
Em uma palavra, como classificas o teu rap?
Real.
Porquê?
Porque tudo o que relato nos meus sons é algo que muita gente pode ouvir com receptividade. Se uma pessoa consegue sentir o teu rap, não será apenas pelo teu egotriping, o teu lirismo ou pelas tuas palavras caras. A cena é tu conseguires transmitir a realidade nos teus sons e as pessoas conseguirem conectar contigo. Esse é o feedback que gosto de receber sobre os meus sons: puro e com mensagem. Eu, quando faço rap, estou do princípio ao fim colado na mensagem e se perdes contacto com a realidade quando voltas para o mic não tens moral.
Como é o Fizz fora do rap?
O Fizz fora do rap é cômico, brincalhao, sempre com prédisposição para ajudar, não tem beefs com ninguém e é também muito ligado aos amigos e à família. O rap não é tudo na minha vida e eu digo que sempre curti rimar mas, para mim, o rap tem um papel secundário na minha vida. As minhas prioridades são a minha família.
Depois de o Caderno Diário podemos esperar mais do Fizz? Na faixa Confissões da Fizztape dizes que vais estar mais dois anos no rap e depois paras. Vais desistir do rap?
Na Fizztape, principalmente nesta faixa Confissões, quis mostrar o meu lado espiritual. Quando faço rap não tenho que fazer o que os outros querem ouvir, mas sim mostrar o que sou dentro dele. Na altura em que escrevi Confissões estava numa instropeçao que me fez lembrar de quantas coisas que tinha abdicado e quantos sacrifícios tive que fazer em prol do rap. Tive que fazer mais de 12 viagens para gravar o meu álbum, por exemplo. E estando fora é complicado conciliares essas constantes deslocações e acrobacias com a vida pessoal. Em dois anos espero conseguir fazer o que quero no rap, se o people quiser mais de mim.. não sei.
Tens a visão do rap que se faz em inglaterra e do rap que se faz em Portugal. Qual é a principal diferença que notas?
Em Londres o rap é muito mais divulgado, inclusive até existe um canal próprio da divulgação da cultura e há uma grande receptividade do público. Aqui na Tuga há mais rappers do que people que ouve rap e podes constatar isso pelo números de vendas.
Caderno Diário será o teu próximo trabalho. Com que participações contas?
Vou contar obviamente o meu boy Quim, Chullage, Dani G, Cliclau, Smokey, THC, Genny, Kromo di Ghetto, Thanya, Acme e Mortex.
Descreve o hip hop de hoje, quando comparado com o que se vivia no teu começo.
Na altura, quando davamos concertos, as salas enchiam, sentia-se uma grande vibe, o people curtia, punha as mãos no ar. Hoje já não se vive tanto esse espírito, está diferente. Já não há muitos concertos de hip hop e, quando há, parece que o pessoal tem medo de mostrar que gosta da cultura. Já não se vê muito aquela interação, aquele feeling, entre o público e o artista.
Com quem gostarias de trabalhar?
Não vou dizer Biggie ou 2pac porque é óbvio. Sem dúvida Nas ou Raekwon, também Mobb Deep. Num registro mais Soul a Erykah Badu e Jill Scott.
'Fizz possui uma visão de rua diferente dos outros rappers'. É uma afirmação que li no 'resumé' do teu myspace. Queres descrever esta visão?
Street rappers há muitos, mas, com todo o respeito, nem todos transmitem a filosofia de rua de forma a sensibilizar as pessoas. Não vou dizer que sou o melhor rapper da street, mas quando faço a minha escrita ela é feita ao pormenor, não abordo as cenas de forma superficial. Gosto de escrever e fazer com que os ouvintes, através dos pormenores que descrevo, possam ver, sentir e aproximarem-se da realidade.
Tem-se verificado uma fusão do rap com outros estilos musicais. Achas que este fenômeno tem contribuído para a disseminação da cultura?
De uma forma pode contribuir para a sua disseminação,mas, de outra, pode servir para a matar. O rap muitas vezes deixa de o ser, para ser reggaeton, para ser kisomba, para ser r&b. Muitos artistas que nem sabem, nem nunca conheceram a cultura hip hop, lançam um álbum convencidos de que estão a fazer rap e quem ouvir esse estilo de rap não absorve a sua verdadeira essência.
E para breve..
'Caderno Diário' brevemente, também 'MBK Files' que será a Fizztape Parte ll, e claro Bros For Life de Fizz e Quim. Futuramente temos outros projectos, mas ainda não podemos revelar.
Por último mas não menos importante..
Vamos deixar de ser haters e vamos pegar nas nossas letras, nos nossos beats e vamos ao estúdio fazer uma mixtape. Comecem a mexer e a fazer algo por vocês e não fiquem sentados à sombra da bananeira à espera que o cd caia do céu e apareça, como que por magia, na loja. Props para o people do hip hop tuga que ouve Fizz na sua aparelhagem e que me dá um feedback todos os dias no myspace e que divulga a minha música. Também para o pessoal que me tem ajudado: O Quim, o meu brother Manel, o meu puto Acme, que disponibilizou o espaço para eu e o Quim gravarmos, a Mary, um big up para o Hesy pelas capas, pela força e por ser o grande amigo que é. A todos os que me sentem, vocês dão-me força para continuar.
Eu cresci a ouvir rap em casa, porque a minha irmã consumia rap como se fosse Public Enemy. Ouvia também outros grupos que batiam e eu não conhecia. Tinha uns 13 anos e ela aparecia com cassetes. Fui apanhado pela cena. Um ano mais tarde comecei a escrever umas rimas, mas era tudo brincadeira. Lá para os 16 anos comecei a levar o rap mais a sério e, mais ou menos em 97, subi pela primeira vez ao palco.
Fizztape feita numa semana? Como conseguiste gerir tudo neste espaço de tempo?
A Fizztape surgiu numa altura em que eu estava a tratar das cenas do meu álbum e, como estava com uns atrasos, achei que o people ia queres ouvir coisas minhas. Nessa altura estava inspirado e a consumir muito rap. Então, pensei em fazer uma mixtape e, no espaço duma semana, escolhi os beats, até porque nessa altura estava em Londres e a cidade estava paralisada por causa da neve e não podia sair de casa nem pra ir trabalhar.
Irmandade Fizz e Quim, para quando um trabalho juntos?
Fizz: eu e o Quim estávamos a preparar um álbum, mas houve uns imprevistos pelo meio. O Quim esteve encarcerado o que dificultou a conclusão do álbum. No entanto, isso não impediu que continuassemos a trabalhar e que a nossa dica se mantivesse viva. Mesmo ele estando dentro, eu enviei-lhe um rádio para ele poder ouvir música para o incentivar a continuar a escrever. Enviei-lhe também beats para, quando ele saísse, estar inspirado para fazermos coisas novas. Não queria que a nossa cena acabasse por ele estar encarcerado. Entretanto iniciei o meu projecto, mas não queria deixar Fizz e Quim para trás. Então fiz uns beats, preparei as coisas na medida do possível, e posso dizer que Bros For Life está noventa por cento feito.
Quim: O nosso projecto ficou em stand by devido ao meu encarceramento. Entretanto, decidimos lançar uns sons pra rua, que eram de um projecto que tínhamos antes do Bros For Life e o people curtiu. Estão à espera de novas cenas e nós estamos a trabalhar pra isso. Num futuro próximo, terão o Bros For Life nas ruas.
Em uma palavra, como classificas o teu rap?
Real.
Porquê?
Porque tudo o que relato nos meus sons é algo que muita gente pode ouvir com receptividade. Se uma pessoa consegue sentir o teu rap, não será apenas pelo teu egotriping, o teu lirismo ou pelas tuas palavras caras. A cena é tu conseguires transmitir a realidade nos teus sons e as pessoas conseguirem conectar contigo. Esse é o feedback que gosto de receber sobre os meus sons: puro e com mensagem. Eu, quando faço rap, estou do princípio ao fim colado na mensagem e se perdes contacto com a realidade quando voltas para o mic não tens moral.
Como é o Fizz fora do rap?
O Fizz fora do rap é cômico, brincalhao, sempre com prédisposição para ajudar, não tem beefs com ninguém e é também muito ligado aos amigos e à família. O rap não é tudo na minha vida e eu digo que sempre curti rimar mas, para mim, o rap tem um papel secundário na minha vida. As minhas prioridades são a minha família.
Depois de o Caderno Diário podemos esperar mais do Fizz? Na faixa Confissões da Fizztape dizes que vais estar mais dois anos no rap e depois paras. Vais desistir do rap?
Na Fizztape, principalmente nesta faixa Confissões, quis mostrar o meu lado espiritual. Quando faço rap não tenho que fazer o que os outros querem ouvir, mas sim mostrar o que sou dentro dele. Na altura em que escrevi Confissões estava numa instropeçao que me fez lembrar de quantas coisas que tinha abdicado e quantos sacrifícios tive que fazer em prol do rap. Tive que fazer mais de 12 viagens para gravar o meu álbum, por exemplo. E estando fora é complicado conciliares essas constantes deslocações e acrobacias com a vida pessoal. Em dois anos espero conseguir fazer o que quero no rap, se o people quiser mais de mim.. não sei.
Tens a visão do rap que se faz em inglaterra e do rap que se faz em Portugal. Qual é a principal diferença que notas?
Em Londres o rap é muito mais divulgado, inclusive até existe um canal próprio da divulgação da cultura e há uma grande receptividade do público. Aqui na Tuga há mais rappers do que people que ouve rap e podes constatar isso pelo números de vendas.
Caderno Diário será o teu próximo trabalho. Com que participações contas?
Vou contar obviamente o meu boy Quim, Chullage, Dani G, Cliclau, Smokey, THC, Genny, Kromo di Ghetto, Thanya, Acme e Mortex.
Descreve o hip hop de hoje, quando comparado com o que se vivia no teu começo.
Na altura, quando davamos concertos, as salas enchiam, sentia-se uma grande vibe, o people curtia, punha as mãos no ar. Hoje já não se vive tanto esse espírito, está diferente. Já não há muitos concertos de hip hop e, quando há, parece que o pessoal tem medo de mostrar que gosta da cultura. Já não se vê muito aquela interação, aquele feeling, entre o público e o artista.
Com quem gostarias de trabalhar?
Não vou dizer Biggie ou 2pac porque é óbvio. Sem dúvida Nas ou Raekwon, também Mobb Deep. Num registro mais Soul a Erykah Badu e Jill Scott.
'Fizz possui uma visão de rua diferente dos outros rappers'. É uma afirmação que li no 'resumé' do teu myspace. Queres descrever esta visão?
Street rappers há muitos, mas, com todo o respeito, nem todos transmitem a filosofia de rua de forma a sensibilizar as pessoas. Não vou dizer que sou o melhor rapper da street, mas quando faço a minha escrita ela é feita ao pormenor, não abordo as cenas de forma superficial. Gosto de escrever e fazer com que os ouvintes, através dos pormenores que descrevo, possam ver, sentir e aproximarem-se da realidade.
Tem-se verificado uma fusão do rap com outros estilos musicais. Achas que este fenômeno tem contribuído para a disseminação da cultura?
De uma forma pode contribuir para a sua disseminação,mas, de outra, pode servir para a matar. O rap muitas vezes deixa de o ser, para ser reggaeton, para ser kisomba, para ser r&b. Muitos artistas que nem sabem, nem nunca conheceram a cultura hip hop, lançam um álbum convencidos de que estão a fazer rap e quem ouvir esse estilo de rap não absorve a sua verdadeira essência.
E para breve..
'Caderno Diário' brevemente, também 'MBK Files' que será a Fizztape Parte ll, e claro Bros For Life de Fizz e Quim. Futuramente temos outros projectos, mas ainda não podemos revelar.
Por último mas não menos importante..
Vamos deixar de ser haters e vamos pegar nas nossas letras, nos nossos beats e vamos ao estúdio fazer uma mixtape. Comecem a mexer e a fazer algo por vocês e não fiquem sentados à sombra da bananeira à espera que o cd caia do céu e apareça, como que por magia, na loja. Props para o people do hip hop tuga que ouve Fizz na sua aparelhagem e que me dá um feedback todos os dias no myspace e que divulga a minha música. Também para o pessoal que me tem ajudado: O Quim, o meu brother Manel, o meu puto Acme, que disponibilizou o espaço para eu e o Quim gravarmos, a Mary, um big up para o Hesy pelas capas, pela força e por ser o grande amigo que é. A todos os que me sentem, vocês dão-me força para continuar.
Esta entrevista foi feita por Makeda, para a revista Freestyle
Makeda www.hiphopsoueu.com
Fizz www.myspace.com/escofizz
Freestyle www.myspace.com/freestylemag
ANDREIA QUARESMA
BLACK VIBE
Makeda www.hiphopsoueu.com
Fizz www.myspace.com/escofizz
Freestyle www.myspace.com/freestylemag
ANDREIA QUARESMA
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