“Comecei a dar os meus primeiros passos na música na minha casa na Maianga com alguns amigos, mas não era nada sério, era apenas rimar nas músicas dos outros ou em beat box. Mais fui ganhando o gosto e comecei a fazer freestyles “podres” nas cassetes do meu Pai que eu desgravava na inocência”, conta Keith-B à Vida.
Aquilo que começou como uma brincadeira de jovens, viria a ganhar contornos bem sérios. A verdade é que já lá vão cerca de 13 anos desde que o benguelense anda a fazer música pelo mundo, ao ritmo do rap e R&B. O músico trabalha também como produtor nos estilos musicais ghetto zouk e dance music.
Profeta do Destino
Olhando para o seu caminho na música, Keith-B diz que “o meu percurso na música teve duas facetas muito importantes, a primeira foi como Mc/produtor de rap de intervenção social no grupo Profetas do Destino nos anos de 1999-2005. Aprendi muito neste projecto onde apliquei todo o meu conhecimento sobre a cultura Hip Hop na sua essência”. Com o lançamento do álbum com os Profetas do Destino veio a internacionalização através de espectáculos realizados em Portugal. “Uma vez que sou angolano o facto de me ter lançado em terras de “Camões” já representa uma internacionalização, diz.
Com este projecto surgiu a oportunidade da estreia discográfica com o álbum Visão do Sec. XXI em 2004. O grupo no ano seguinte não vingou e cada um seguiu a sua trajectória a solo.
Keith-B passa a trabalhar também em Portugal “como promotor e realizador de festas de hip hop entre o Barreiro e o Algarve onde tive a oportunidade de conhecer artistas de vários géneros musicais”.
Em 2005 criou a sua própria editora/produtora, a “Tha Real G Records” da qual é CEO e “já tem alguns talentos a trabalharem para a minha label”, diz com orgulho.
Imigrante no Reino Unido
Em 2006, Keith-B viveu um ano de mudança e de estruturação dos seus objectivos de vida. “Primeiro porque me mudo para a Inglaterra para estudar”. Ir para Londres “foi uma cena louca e aventureira. Fiz as malas à pressa e bazei com 50 libras no bolso que o meu avô me deu, mas eu já tinha cá o meu irmão mais velho, gerente de uma loja de desporto e deu-me logo trabalho. Fui-me virando com o inglês que é sempre a maca de todos no princípio. Hoje digo que valeu a pena ter vindo. Fui supervisor numa loja da Zara e, mais tarde, caixa na loja da Armani em Manchester. Vim também para estudar e fazer faculdade na área de Gestão de Recursos Humanos”, conta.
Number One
Já por terras de Sua Majestade, “começo a trabalhar no meu primeiro álbum a solo, desde a produção, gravação, passando pela composição de letras e toda componente necessária para o produto final”.
O dia 19 de Março de 2009 é a data escolhida para o lançamento desse seu trabalho a solo, Number One. A apresentação foi realizada no Reino Unido, “mais precisamente dentro da comunidade angolana, Palop e não só”.
Pedimos a Keith-B que se defina musicalmente, ao que o músico responde ser “composto de uma versatilidade musical inacreditável que vai desde o hip-hop, r&b, semba, morna, fado, ghetto zouk, rock, pop e dance music, ou seja, gosto de tudo um pouco no mundo da música”. No álbum das suas próprias referências surgem os nomes de Paulo Flores, Mck, Teta Lando, Felipe Mukenga. Internacionalmente o destaque vai para Dr. Dre, R.Kelly, Johnny Ramos, Salif Keita.
Regresso às origens
Ir para Londres foi uma cena louca e aventureira. Fiz as malas à pressa e bazei com 50 libras no bolso.
Keith-B esteve recentemente em Angola para uma tournée de apresentação. “O balanço foi muito positivo no sentido de expandir o meu trabalho no nosso país, uma vez que a nossa indústria musical cresceu muito e só agora ouve a oportunidade de comercialização do meu álbum em Angola. Eu não esperava que fosse ter tal aceitação em tão curto espaço de tempo”. Durante a sua estada o músico apresentou-se em quase todos programas de entretenimento e lazer dos canais televisivos. “O público acompanhou o meu trabalho e comprou os meus discos desde Luanda à Benguela, onde ainda tenho à venda discos em todas casas de música das duas províncias”.A recepção que teve no seu país deixa-o muito feliz. “Agradeço muito o apoio e o carinho do povo angolano, fui recebido da melhor forma possível mesmo sabendo que o meu trabalho em Angola só agora começou mas tenho muito para dar ao meu povo e aos meus fãs”.
Por terras angolanas nem tudo foi fácil. “Tive algumas críticas construtivas, o que é normal até porque ajuda a melhorar o nosso trabalho. Mas uma outra faceta hipócrita que foi muito destrutiva no sentido de especulações sobre mim ou sobre o meu talento como por exemplo, disseram que eu imitava do Big Nelo, que era filho de alguém, que havia pago para aparecer, que devia voltar para Europa, que eu era mais modelo do que músico”, conta sem mágoa.
Apesar destas situações Keith-B guarda boas recordações da sua apresentação no país que o viu nascer, especialmente “quando fiz a apresentação do álbum no Palos Club e abertura do show do Heavy C em Benguela. Foram sem sombra de dúvida momentos marcantes para a minha carreira. Afinal nunca tive tamanho contacto com o povo angolano em Angola em termos musicais. Isso foi uma benção”, afirma.
Angola bem vista lá fora
A viver no Reino Unido desde 2006 é com alegria que olha para a forma como Angola começa a ser percebida na Europa e no Mundo. “Hoje em dia já somos vistos com outros “ares”. O mundo está atento ao notório crescimento de Angola e à promoção que o governo tem vindo a desempenhar nas mais diversas áreas. Respeitam-nos pelo que somos, pelo que fizemos e pelo que estamos a fazer por Angola”.
Sobre o país que hoje tão bem o recebe só tem boas coisas a dizer. “O Reino Unido tem muitas boas relações com Angola e ajuda e apoia a divulgar a cultura angolana”.
Como projectos para o futuro aponta “trabalhar para instalar a minha produtora em Angola, começar a produção do álbum Guardilha e estou a dirigir como produtor executive a mixtape do músico guineense “Trouble”. Keith-B está também apostado em criar laços com alguns músicos do mercado angolano e adianta que “em breve sairá uma colaboração com um gigante da música Angolana”. Em jeito de despedida o músico deixa uma mensagem de “Paz, Amor, Desenvolvimento e muita irmandade entre o povo angolano”.
estreia na terra natal
Keith-B esteve recentemente em Angola para uma tournée de apresentação do álbum Number One. “O balanço foi muito positivo no sentido de expandir o meu trabalho no nosso país, uma vez que a nossa indústria musical cresceu muito e só agora houve a oportunidade de comercialização do meu álbum em Angola”, assinala Keith-B.
Perfil
- Nome: Lury Coelho
- Data de nascimento: 19 de Março de 1981
- Naturalidade: Benguela
- Qualidade que mais aprecia: Espontaneidade e sinceridade e muita inteligência
- Defeito que mais detesta: Falsidade, ignorância, hipocrisia
- Filmes: Malcom X, Scarface e A Lista de Schindler
- Músicos preferidos: Paulo Flores, MCK, Dr. Dre
- Prato Preferido: Bacalhau com natas
Fonte: Revista Vida Online
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