Percorrem várias tonalidades da música negra. São músicos com créditos firmados mas, por opção, escondem a cara com capas dos discos de vinil do seu imaginário comum. Chamam-se Orelha Negra e já têm álbum de estreia, homónimo. O rapper Sam The Kid juntou-se ao baterista Fred Ferreira (Buraka Som Sistema), ao DJ Cruzfader, ao baixista Francisco Rebelo e ao teclista João Gomes (ambos dos Cool Hipnoise) para dar forma ao projecto. Escondem-se atrás de capas de vinil não por capricho, mas porque "querem que as pessoas concentrem as suas atenções na música".
''A banda formou-se em 2008, após a experiência conjunta em palco na digressão de Sam The Kid. "Foi uma digressão de dois anos e, nos intervalos dos ensaios de som, em 'jams' dos concertos, fizemos algumas brincadeiras e experiências. Às tantas, lembramo-nos de fazer um projecto instrumental. Surgiram os Orelha negra", conta Francisco.
Acerca do fio condutor do trabalho, Francisco e João reconhecem ter experiências diferentes, mas partilharem o mesmo gosto musical. O baixista lembra que, "ao longo do tempo que fomos tocando juntos, conhecemos outros lados nossos que podiam funcionar bem. Quando partimos para a ideia de construir qualquer coisa, fomos com mente aberta. Combinámos ensaios semanais e, durante dois ou três meses, ensaiámos todas as segundas-feiras e gravámos tudo. O resultado desses ensaios foram longas 'jam sessions'. Ao fim de um determinado tempo, tivemos que parar de gravar porque já tínhamos uns 80 temas. Começámos, então, a delinear uma história. O tal fio condutor é que nos encontrou".
Sobre as influências, reconhecem que "a música negra é um daqueles pontos em que nos encontramos todos. Uns têm mais preferência por uma coisa e outros por outra. Mas é na essência do hip hop que nos acabamos por encontrar",diz Francisco. E sublinha: "Na forma, os Orelha Negra são hip hop, mas, na essência, são mais do que isso". O disco abre de modo explicativo algo surpreendente. Há a voz de um popular locutor a anunciar que "as canções que vamos apresentar têm uma ordem numérica que não obedeceu a nenhum critério especial, mas apenas a um sorteio". E, depois, uma outra voz garante que "não há nada mais novo do que a memória".
Aliás, "A memória" é o título da primeira faixa. João confessa que o tema começou por se chamar intro (abreviatura de introdução). "O primeiro tema começou por ser uma espécie de prelúdio do que será a actividade dos Orelha Negra. Foi com ele que nos apercebemos de que poderíamos chegar ao disco".
''BLESSED'' DISPONIVEL PARA DOWNLOAD
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