Este álbum é um dos grandes clássicos de HipHop Tuga. Aconselho aqueles que nunca tiveram oportunidade de ouvir nada deste MC/Produtor, a ouvir este álbum. Esperem que gostem.
O download é autorizado pelo Kilu, na rubrica Rewind, do meu site Illegal Promo, onde o MC conta a historia por tras do album.
O segundo convidado da rubrica Rewind, é um MC/Produtor que despensa apresentaçãoes: Kilu. Ele conta-nos a historia do album "Um Outro Lado da Versao", considerado por muitos um verdadeiro clássico. Se este álbum vos emocionou e faz parte da vossa vida até hoje, como faz da minha, neste texto podem perceber porquê que nos passa um sentimento tão forte...
Texto de Kilu para a Rubrica Rewind, do meu site Illegal Promo:
"Este album para mim é uma fase da vida que passei depois de perder meu pai. Ele sonhou que alguma editora pegaria no meu talento e fizesse um trabalho meu, isto antes do album. Enviei maquetes para algumas editoras como a Norte e Sul, Sony etc. Depois do dia de natal ele falece de morte natural, velhice, pois era um homem nascido em 1926. Foi Músico e dedicou toda sua vida á música, daí vem minha influencia e paixão pela musica. Seis meses depois dessa infelicidade, o tempo para mim passara como se tivessem sido 6 dias.
Voltei a tocar na minha mpc, com uma mesa boé antiga e que fazia muito rúido só de estar ligada, um mic de palco, um sequenciador, grovebox, uma mesa digital com 8 pistas. Numa manhã compus o beat que no album é a "Segunda Perda", comecei a desabafar num papel e basicamente a letra ficou como escrevi. Devido ao espaço no disco da mesa digital, tinha um leitor de mini disk onde salvava os temas depois de misturados, com voz e instrumentais. Este tema fiz passar pela mesa e gravei o beat com a voz directo para o mini disk.
Foi um momento mágico para mim, na minha mente comecei a visualizar tanta coisa que tinha dentro de mim e queria tirar pra fora. Gostei da ideia de não mexer nem uma virgula no que escrevesse, com ou sem erros, pontapés na gramática, decidi que tudo seria espontaneo e a decisão foi mesmo conservar os beats e as letras exactamente como saiam, sem ficar a corrigir ou a melhorar algo em ambos, igual que fazer um freestyle mas estes eram escritos no papel...
Gravado a "Segunda Perda", sem pausar, parti para outro sample, depois de cortado bati nas pads outro beat, comecei a sentir e logo começo a escrever o "Pé Descalço". A primeira parte da letra era um tema do meu grupo antigo de bairro. Dei continuidade ao resto das outras partes. Em duas semanas e meia foi o tempo que o disco levou a ser feito e mal puz os pés fora de casa. Quando saia e estava entre amigos na rua falavamos disto ou aquilo... a cabeça não me dava descanso, voltava logo era para a mpc, mais um beat mais uma letra, o "Criada Outra Porta" .
No tema "Girar o Planeta", justo quando tava a gravar, surge um amigo meu, Mr Fox, a espreitar na janela, (eu vivia numa cave, janela virada para a calçada). Isso na reboleira, pois era novo ali nessa zona- Daí ele diz surprendido: "ohh afinal fazes beats e és mc". Entrou e logo pausou ali a ver-me gravar, até acabar o tema. Daí sugeriu: "precisas de umas colunas antigas que tenho em casa". Fomos apanhar as tais colunas dos anos 80, tinham mesmo bons graves. Nesse dia terminara "Criada Outra Porta" e "Girar o Planeta".
No tema "O Teu Destino", isso já no dia seguinte, o Mr Fox aparece em casa com mais algum pessoal, daí gravei umas 10 pessoas a gritar "hip hop", transformei a dika num sample para a mpc e ficou a fazer parte do beat. No momento certo o J.Cap surgiu em casa e entrou nesse tema. No "Correção Significa", entra o Cklone e o J.Cap. No tema "Pé Descalço" metade já tinha na mesa digital, quando no mesmo tema muda para "E a Outra Parte".
A outra metade do "Pé Descalço", fui ao estúdio dos 6ºTemplo, saiu esse freestyle com J.Cap, Riko e Magneto, ouve ai um pouco de tensão entre o Françês e o Português. Algum tipo de picardia de flows tipico no Hip-Hop. Para mim foi engraçado esse momento, mas no final decidi deixar assim e seguir com o conceito de 'o que saiu fica assim e não se mexe', exactamente como uma câmara quando grava e não vai-se editar nada depois.
O tema "Hip Hop Não é Nada" foi o único que já tinha sido gravado após a compilação T.P.C. com o Peika e o Zé nos cuts. Foi um single caseiro que saiu na Kingsize (xiii kingsize bons tempos) no mesmo estúdio que gravamos o TPC. Como no terceiro som já ia muito caro o tempo de estúdio, largamos as sessões de estúdio na altura. Os últimos temas que fiz foi "Capta a mensagem" e o "Rei Mago", para concluir. Rei Mago era um panfleto com um provérbio Árabe que esteve ali pendurado na parede de casa dos meus pais e no fim dizia que um pai no final quando já velho para os seus filhos, finalmente reconhecemos que era um sábio.porque quando somos mais novos até os "mandamos calar ou deixem-me em paz"...
A mesa digital era emprestada, as colunas, a mesa barulhenta, a groove box, o mic e o mini disk (só a mpc a QY700 e os phones eram meus). Devolvi tudo e mais uma vez obrigado a todos vocês que sabem quem são... Tinha o disco passado num mini disk, fui ter com um amigo que era técnico de som, misturava e masterizava Metal. Pedi-lhe se podia dar um jeito nos temas por um preço especial, nisso ele aceitou passou de mini disk, para o computador, masterizou isso desde a 1h da manha até ás 3h bem baixinho porque o pai tava por ai e era tarde. Passei o disco ao Boss A.C. e pedi-lhe se podia organizar-me os nomes dos temas num cd. Ele fez-me isso.
Numa viagem do Esquadrão Central aos Açores, tivemos ai uma semana e tocamos no fim de semana para umas festas organizadas pela Camara Municipal da Ilha Terceira. O nosso show foi organizado pelo Uncle C. Durante a semana fiz ouvir a malta os temas que tinha gravado, todos decidiram que seria boa ideia editar como um disco.
A Kingsize patrocionou graças ao Mr Cheeks aka MrSupaflye, juntamente com Hugo Gomes, meu mano Dome e claro todos do E.C. e sabem quem são. De inicio o disco ou mixtape era para sair em cassete, mas cd no final de contas. Vinil um dia quem sabe. Eu gostei muito de como criei este disco, claro que passado um tempo senti e pensei que puderia ter feito melhor mas não me arrependo até hoje como ele soa. É só pra quem tem, é só pra quem sente. Assim agradeço a toda gente que gostou e até hoje pedem-me um disco novo. Adianto que para breve estará um single."
O download é autorizado pelo Kilu, na rubrica Rewind, do meu site Illegal Promo, onde o MC conta a historia por tras do album.
O segundo convidado da rubrica Rewind, é um MC/Produtor que despensa apresentaçãoes: Kilu. Ele conta-nos a historia do album "Um Outro Lado da Versao", considerado por muitos um verdadeiro clássico. Se este álbum vos emocionou e faz parte da vossa vida até hoje, como faz da minha, neste texto podem perceber porquê que nos passa um sentimento tão forte...
Texto de Kilu para a Rubrica Rewind, do meu site Illegal Promo:
"Este album para mim é uma fase da vida que passei depois de perder meu pai. Ele sonhou que alguma editora pegaria no meu talento e fizesse um trabalho meu, isto antes do album. Enviei maquetes para algumas editoras como a Norte e Sul, Sony etc. Depois do dia de natal ele falece de morte natural, velhice, pois era um homem nascido em 1926. Foi Músico e dedicou toda sua vida á música, daí vem minha influencia e paixão pela musica. Seis meses depois dessa infelicidade, o tempo para mim passara como se tivessem sido 6 dias.
Voltei a tocar na minha mpc, com uma mesa boé antiga e que fazia muito rúido só de estar ligada, um mic de palco, um sequenciador, grovebox, uma mesa digital com 8 pistas. Numa manhã compus o beat que no album é a "Segunda Perda", comecei a desabafar num papel e basicamente a letra ficou como escrevi. Devido ao espaço no disco da mesa digital, tinha um leitor de mini disk onde salvava os temas depois de misturados, com voz e instrumentais. Este tema fiz passar pela mesa e gravei o beat com a voz directo para o mini disk.
Foi um momento mágico para mim, na minha mente comecei a visualizar tanta coisa que tinha dentro de mim e queria tirar pra fora. Gostei da ideia de não mexer nem uma virgula no que escrevesse, com ou sem erros, pontapés na gramática, decidi que tudo seria espontaneo e a decisão foi mesmo conservar os beats e as letras exactamente como saiam, sem ficar a corrigir ou a melhorar algo em ambos, igual que fazer um freestyle mas estes eram escritos no papel...
Gravado a "Segunda Perda", sem pausar, parti para outro sample, depois de cortado bati nas pads outro beat, comecei a sentir e logo começo a escrever o "Pé Descalço". A primeira parte da letra era um tema do meu grupo antigo de bairro. Dei continuidade ao resto das outras partes. Em duas semanas e meia foi o tempo que o disco levou a ser feito e mal puz os pés fora de casa. Quando saia e estava entre amigos na rua falavamos disto ou aquilo... a cabeça não me dava descanso, voltava logo era para a mpc, mais um beat mais uma letra, o "Criada Outra Porta" .
No tema "Girar o Planeta", justo quando tava a gravar, surge um amigo meu, Mr Fox, a espreitar na janela, (eu vivia numa cave, janela virada para a calçada). Isso na reboleira, pois era novo ali nessa zona- Daí ele diz surprendido: "ohh afinal fazes beats e és mc". Entrou e logo pausou ali a ver-me gravar, até acabar o tema. Daí sugeriu: "precisas de umas colunas antigas que tenho em casa". Fomos apanhar as tais colunas dos anos 80, tinham mesmo bons graves. Nesse dia terminara "Criada Outra Porta" e "Girar o Planeta".
No tema "O Teu Destino", isso já no dia seguinte, o Mr Fox aparece em casa com mais algum pessoal, daí gravei umas 10 pessoas a gritar "hip hop", transformei a dika num sample para a mpc e ficou a fazer parte do beat. No momento certo o J.Cap surgiu em casa e entrou nesse tema. No "Correção Significa", entra o Cklone e o J.Cap. No tema "Pé Descalço" metade já tinha na mesa digital, quando no mesmo tema muda para "E a Outra Parte".
A outra metade do "Pé Descalço", fui ao estúdio dos 6ºTemplo, saiu esse freestyle com J.Cap, Riko e Magneto, ouve ai um pouco de tensão entre o Françês e o Português. Algum tipo de picardia de flows tipico no Hip-Hop. Para mim foi engraçado esse momento, mas no final decidi deixar assim e seguir com o conceito de 'o que saiu fica assim e não se mexe', exactamente como uma câmara quando grava e não vai-se editar nada depois.
O tema "Hip Hop Não é Nada" foi o único que já tinha sido gravado após a compilação T.P.C. com o Peika e o Zé nos cuts. Foi um single caseiro que saiu na Kingsize (xiii kingsize bons tempos) no mesmo estúdio que gravamos o TPC. Como no terceiro som já ia muito caro o tempo de estúdio, largamos as sessões de estúdio na altura. Os últimos temas que fiz foi "Capta a mensagem" e o "Rei Mago", para concluir. Rei Mago era um panfleto com um provérbio Árabe que esteve ali pendurado na parede de casa dos meus pais e no fim dizia que um pai no final quando já velho para os seus filhos, finalmente reconhecemos que era um sábio.porque quando somos mais novos até os "mandamos calar ou deixem-me em paz"...
A mesa digital era emprestada, as colunas, a mesa barulhenta, a groove box, o mic e o mini disk (só a mpc a QY700 e os phones eram meus). Devolvi tudo e mais uma vez obrigado a todos vocês que sabem quem são... Tinha o disco passado num mini disk, fui ter com um amigo que era técnico de som, misturava e masterizava Metal. Pedi-lhe se podia dar um jeito nos temas por um preço especial, nisso ele aceitou passou de mini disk, para o computador, masterizou isso desde a 1h da manha até ás 3h bem baixinho porque o pai tava por ai e era tarde. Passei o disco ao Boss A.C. e pedi-lhe se podia organizar-me os nomes dos temas num cd. Ele fez-me isso.
Numa viagem do Esquadrão Central aos Açores, tivemos ai uma semana e tocamos no fim de semana para umas festas organizadas pela Camara Municipal da Ilha Terceira. O nosso show foi organizado pelo Uncle C. Durante a semana fiz ouvir a malta os temas que tinha gravado, todos decidiram que seria boa ideia editar como um disco.
A Kingsize patrocionou graças ao Mr Cheeks aka MrSupaflye, juntamente com Hugo Gomes, meu mano Dome e claro todos do E.C. e sabem quem são. De inicio o disco ou mixtape era para sair em cassete, mas cd no final de contas. Vinil um dia quem sabe. Eu gostei muito de como criei este disco, claro que passado um tempo senti e pensei que puderia ter feito melhor mas não me arrependo até hoje como ele soa. É só pra quem tem, é só pra quem sente. Assim agradeço a toda gente que gostou e até hoje pedem-me um disco novo. Adianto que para breve estará um single."
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