terça-feira, 13 de dezembro de 2011

BravoOnline Entrevista Renan, sobre o Livro #PoucasPalavras



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Renan, líder do grupo de rap Inquérito, aventura-se agora pelo mundo das letras com o livro #PoucasPalavras

Quando tinha 13 anos, Renan ouviu pela primeira vez um disco dos Racionais. Gravou o conteúdo numa fita cassete e compôs várias versões próprias por cima. Sem saber, ele já estava fazendo rap. Hoje, o rapaz que também é professor de geografia e mestrando na Unicamp, é líder do Inquérito, premiado grupo que mistura de forma homogênea o rap e a poesia e já lançou os discos Mais loco que u barato (2005), Um Segundo é Pouco (2008) e Mudança (2010).

Inspirado pela literatura marginal, pela poesia concreta e pelo twitter, Renan acaba de lançar #PoucasPalavras, projeto audiovisual composto por música, clipe e livro e que tem como principal conceito o uso de palavras de impacto e das frases curtas que dizem muito. O Colherada conversou com ele para saber mais detalhes do projeto e sobre a popularização do rap em 2011.

C.C: O que é o projeto #PoucasPalavras?

R.I: “Poucas Palavras” é uma música do Inquérito, do disco Mudança, que fala de literatura e rap. A partir da música fizemos um clipe, que agora gerou um livro. O nosso som dialoga com a poesia o tempo todo e foi daí que nasceu a minha vontade de lançar o #PoucasPalavras. A publicação é feita de frases, são trechos de letras de músicas que já gravei, mas com outros títulos. Isso muda completamente o sentido daquela informação. E eu brinquei com a forma da palavra no papel, são poesias visuais que se fossem cantadas não teriam o mesmo impacto.

C.C: Você foi buscar inspiração na poesia concreta de algum autor para criar o livro?

R.I: Conheço pouco de poesia concreta, li coisas do Arnaldo Antunes e do Marcelino Freire, como o livro Era O Dito. Na verdade, eu sempre gostei dessas frases de impacto, estampadas em rabeira de caminhão, banheiro. E com o Twitter isso ganhou mais força, por isso que uso a hashtag no título do meu livro. Trabalho com um conceito de dizer coisas profundas em poucas palavras, e um cara que me deu uma luz para esse tipo de trabalho foi o Mário Quintana. Eu me identifico muito com o trabalho dele porque escrevo do mesmo jeito. Também leio muita coisa dos marginais, como Sergio Vaz e Ferréz.


C.C: Por que resolveram integrar a poesia aos temas de protesto do rap?

R.I: Sem dúvida o nosso rap é de protesto, carregado de críticas sociais. Mas a nossa impressão digital é a poesia. Nossos temas são muito pesados, se falarmos tudo diretamente fica uma coisa militante, parecendo pregação e isso não é fazer música. O nosso rap é pegar o tema, transformá-lo em poesia, juntar com o ritmo e fazer uma música. Não sei se é muito pesado ou muito levinho (risos). Acho que somos híbridos. A diversidade é muito valiosa para o hip hop, mas algumas pessoas a usam como uma divisão. Eu não acredito nisso.

C.C: Em 2011 o rap conquistou bons espaços na mídia, com as músicas do Criolo e do Emicida. A que você responsabiliza essa explosão?

R.I: O rap é a cara do Brasil. No entanto, os próprios MC´s não consideravam o rap um tipo de música, as grandes gravadoras também não acreditavam na gente. Esses e outros preconceitos caíram por terra aos poucos. E esses caras que estão na mídia agora ralaram muito, popularizaram as batalhas de freestyle, se lançaram na internet e conquistaram um público de fora do rap. Acho louvável! Mas eles são poucos ainda e a grande pergunta é: será que a mídia estará sempre aberta para o rap ou essa superexposição era somente uma necessidade por novidades? Esse é o temor das pessoas do hip hop.

By BravoOnline


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