Zé Brown, o perito em rima.
Você já ouviu falar de um tal Zé Brown? Nunca? Não
lembra… Pois é… então deixa eu lhe contar: Zé Brown é pernambucano de
Recife, mais especificamente de Alto José do Pinho, uma parte do bairro
de Casa Amarela, um dos mais populosos do Brasil.
Zé Brown é raper, embolador e pai de três meninas. Já
tocou projeto social com adolescentes em situação de risco, organizando
oficinas de rap, break e discotecagem. Apareceu inclusive naquele quadro
do Fantástico com a Regina Casé, Central da Periferia… tá lembrado não?
(http://www.youtube.com/watch?v=oX921A2gPQM)
(http://www.youtube.com/watch?v=oX921A2gPQM)
Coisa de um mês e pouco atrás, Zé Brown estava no
Festival Rio Loco na França. Empunhando seu pandeiro personalizado, fez
alguns milhares de franceses repetirem com ele: ‘…Rara, Lara, Loura,
Lisa…’ refrão do Côco do Trava-Língua, famosa embolada de Geraldo
Mousinho e Cachimbinho.
(http://www.youtube.com/watch?v=TrqT67pskeo)
(http://www.youtube.com/watch?v=TrqT67pskeo)
Então aí está, esse é Zé Brown, o perito em rima. Raper
da melhor categoria formado na ‘academia de rima’ do rap nacional, tal
qual Ciolo Doido e Emicida, que foi aprender também a tradição da rima
de improviso, de repente, do côco de embolada.
Começou dançando break nos anos 1990 e, influenciado
por gente como Thaíde e DJ Hum, Racionais MC’s, Body Count, fundou a
banda Faces do Subúrbio. Misturando embolada, rap e hardcore,
despontaram na cena nacional como a cara mais pesada do movimento
Manguebeat.
(http://www.youtube.com/watch?v=ulD5Czap810)
(http://www.youtube.com/watch?v=ulD5Czap810)
De lá pra cá muita água passou de baixo da ponte. Zé
Brown rodou o país com o Faces, conheceu muitas quebradas e fez muitos
amigos, tanto no Rap como Rappin Hood, GOG, e os próprios Racionais,
como em outros estilos como Zeca Baleiro, Lenine e Castanha, um de seus
ídolos na embolada. E foi pra um desses amigos, o Skowa, da Máfia e do
Trio Mocotó, que Zé pediu ajuda quando resolveu produzir seu primeiro
trabalho solo, Repente Rap Repente(2008). Através de Skowa me
juntei à essa produção e assim foi gestado o disco, com indas e vindas
entre a Vila Romana em São Paulo e Alto José do Pinho em Recife.
Um tremendo esforço de realização coletiva, diversas
participações e colaborações. Muitas visões diferentes, mas convergindo
em uma mesma vontade de fazer um disco de rap original, muito
pernambucano e muito nordestino mas também urbano e universal, como é o
rap.
Perito Em Rima funciona como uma síntese desse
trabalho. Têm a pesquisa de Brown e do seu parceiro DJ Beto com os
samples de música nordestina, têm a pegada funk e soul do Skowa e têm o
‘carreirão’, verso específico da embolada que Zé Brown traz para suas
letras. O próprio videoclipe resulta de outra parceria, dessa vez entre
Zé Brown e Edmar Falcão da produtora pernambucana E2 e não deixa de
representar essa fusão da tradição com a modernidade, da cana com o
asfalto, do pernambucano orgulhoso do seu folcore com o mc que denuncia o
abandono da periferia. Esse é Zé Brown.
"Não vou deixar de fora o protesto típico do rap. Mas vou fazê-lo com a alegria e a irreverência da embolada."(Zé Brown)
Janja Gomes para a Rádio UOL(texto publicado no blog da Rádio UOL em 06/08/12
VIDEO
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