Um pouco da história do sonho de um jovem MC conhecido por “NeGo Jow”
Jung Hoon Oliveira, nascido em 26 de abril de 1992, natural de
Campina Grande - PB um moleque normal entre os demais, até certa idade,
muito tímido para lidar com os obstáculos vida, pois ainda na infância,
sofria preconceitos na escola por conta de sua raça (afro-americano).
Jung Hoon sempre teve uma imaginação boa, ideias boas e até muitas
histórias que queria compartilhar com outras pessoas, só não sabia como
as passaria em frente.
Apesar
de não ter nascido em Minas Gerais, Jung Hoon, juntamente com seus
pais, dois irmãos e duas irmãs, moraram a maior parte de suas vidas no
Sul de Minas. Por conta de aluguel, sempre estavam se mudando de uma
casa para outra, em vários bairros de uma cidade chamada Pouso Alegre.
No ano de 2003, o pai de Jung Hoon terminou a construção da casa própria
da família na mesma cidade, pra onde se mudaram no mesmo ano, porém, é
um bairro muito afastado do centro da cidade, chama-se Cidade Jardim.
Pela distância, quando há necessidade de se locomover, necessita-se ser
feito através de automóveis, causando certo isolamento.
Um bairro sem muitas opções pra interagir com a juventude, além da
escola. Jung Hoon sempre tentou levar a vida como um garoto normal. E
como todo garoto, também tinha o sonho de ser adulto um dia, só que por
inocência de infância, achava que a vida seria sempre só alegria e
felicidade, ainda não conhecera as barreiras. Apesar de ter consciência
de que sua vida não era igual à de um garoto, que obtém tudo o que
deseja e na hora que deseja, por conta da situação financeira de sua
família, que nunca foi das melhores. Mas apesar disso, Jung Hoon
reconhece o grande esforço de seu pai, que sempre lutou para dar o
melhor, tanto em educação, quanto em alimentação para toda a família.
No ano de 2005, Jung Hoon conheceu novos amigos, que o incentivaram a
chegar até onde está hoje, Luan (NeDom), Tiago (Kanela) e Alessandro
(Indião), três manos que, com brincadeiras de fazer rimas improvisadas
(freestyle) na rua, chamaram a atenção de Jung Hoon, que começou a se
interessar cada vez mais pelo movimento, que até então não tinha nem
noção ainda de como se chamava. Através do tempo, procurou se informar, e
descobriu que o Freestyle fazia parte de um movimento chamado Hip Hop.
( _Foi com esses manos que eu aprendi a escutar um bom RAP, a gente
viajava tanto em grupos NACIONAIS, quanto INTERNACIONAIS. Quando nos
reunimos, nossa inspiração inicial além do TUPAC eram os manos do N.W.A.
– Niggers With Atitude, tanto que nos primeiro eventos, dávamos como
nome de nosso grupo “N.W.A – Ressurreição”. No começo meu envolvimento
era mínimo, apenas baixava beats da internet pra escrevermos, até porque
tinha dificuldade em lidar com público. Eram beats que já tinham donos,
mas ficávamos felizes só por ter uma batida pra tentar rimar em cima.
Hoje temos Bigod Dj e Mateus do LivreMente Produções que produzem nossos
próprios Beats).
Jung Hoon se
encantava mais nos momentos vagos, em ficar na rua, vendo os manos fazer
Freestyle, jogando basquete com a rapa do RAP, do SKATE e do GRAFFITI,
do que em casa, onde seus pais se reuniam todos os dias para reuniões
religiosas, Jung Hoon sempre fugia, e chegava tarde em casa, onde dizia
para os pais que estava com amigos. Pela fama de violência que havia no
bairro, e pela rigidez da religião que seus pais seguem. Jung Hoon
sempre era repreendido, mas mesmo assim nunca parou de colar com os
manos.
( _ No começo eu ficava
perplexo com o nível de violência do bairro, quando eu não via alguém
brigando, ouvia comentários de que um apanhou muito ou que outro morreu,
mas convivia já com aquilo de maneira natural, nunca me deixando
envolver em algo que me levasse a esses caminhos, não por covardia, mas
por consciência de que violência sempre gerará somente mais violência).
Além
de professor de inglês, o pai de Jung Hoon sempre fez parte de uma
associação religiosa de origem coreana, onde ainda jovem, se tornou
missionário. Por conta dessas missões religiosas, e por achar que devido
à preferência de permanecer na rua ao invés de cerimônias, seu filho
estaria se envolvendo com “más companhias”, e que talvez pudesse vir a
se tornar um criminoso. O Prof. John então, visando o melhor aos filhos,
rumou-se para São Bernardo do Campo – SP, juntamente com toda família
no ano de 2007.
Nesse momento em
que esteve afastado de Minas Gerais, Jung Hoon se tornou um tanto
revoltado pela escolha repentina de seu pai em lhes levar pra outro
estado, uma vez que a família já possuía sua casa própria, e que mesmo
em bairro periférico, já haviam se estabilizado em todos os sentidos.
Mas como ainda era ainda muito jovem, aceitou calado, nunca deixando de
curtir o bom RAP que havia conhecido.
(Não que eu seja ateu, acredito e tenho muita FÉ em Deus, só que
acredito também que ele quer que eu corra atrás da minha felicidade, do
meu sonho... POIS EU TAMBÉM TENHO UM SONHO)!
Apesar
de não ter gostado da idéia do pai de se mudar para São Paulo, Jung
Hoon teve a oportunidade de conviver também, com manos do mesmo
movimento, onde via as disputas de rimas, duelos de b-boys, reunião de
skatistas, bonde de grafiteiros e inclusive vários grupos de RAP.
Jung Hoon começou a se interessar em se envolver mais nesse
movimento, onde mesmo em casa, nos momentos vagos, em cima de bases de
cantores estrangeiros, principalmente Tupac, começara a tentar escrever
suas próprias letras...
( _Me
lembro como se fosse ontem, coloquei a música Ghetto Gospel pra tocar,
sentei na cadeira com papel e caneta, juro que ouvi ela umas 10 vezes,
não consegui escrever uma palavra sequer, eu passava noites e noites
acordado tentando fazer uma rima, pra chegar no outro dia e mandar pra
algum MC pra ver o que ele responderia. haha).
Um
ano depois, Jung Hoon já estava ficando conhecido entre a rapaziada no
colégio e na rua pela grande força de vontade que tinha em fechar
rodinhas de Freestyle. Mesmo sem ter muito talento ainda, todos viam que
ele levava jeito pra coisa.
Jung Hoon sempre usou seu nome verdadeiro nas batalhas, até que, por
ser Negro, e estar sempre chamando um e outro de “jow”, nesse mesmo ano,
durante um rolê e vários Freestyle's, surgiu um vulgo para Jung Hoon –
nascia então: NeGo JoW.
( _Curti
demais o vulgo, abracei na hora até porque meu "nipe" é Nego, e eu
ainda vivo chamando a rapaziada de “jow”, então ficou a minha cara
mesmo. É NóiZ! Nesse ano foi o grande passo, pois com a ajuda e
incentivo de uns manos de São Paulo, consegui escrever os meus primeiros
RAP’s).
Completada a missão religiosa em São Paulo no ano de 2009, o pai de NeGo JoW resolveu regressar à Pouso Alegre.
( _Eu estava ansioso pra voltar, pois apesar de ter feito muitas
amizades em São Paulo, e curtir os rolês de lá, eu tinha me apegado
muito a Minas Gerais. Meu coração estava dividido, eu ainda era muito
apaixonado por uma mina que morava em Minas, rsrsrs. Eu vivia numa
ilusão de que chegaria aqui e ela ainda estaria à minha espera, minhas
esperanças acabaram quando voltei pra Minas, e depois de um tempo,
descobri que ela estava grávida. A partir daí minha vida mudou).
NeGo JoW, revoltado resolveu que, mesmo achando muito rígidos,
seguiria os ensinamentos da igreja do pai, mesmo não tendo se juntado ao
movimento antes, justamente por ter essa visão sobre à associação,
nesse tempo, até o hip hop chegou a adormecer na vida de NeGo JoW.
Como
só o tempo é o melhor remédio, ele passou, curando antigas mágoas de um
menino que apenas alimentava ilusões. O amadurecimento foi tomando
conta da vida desse menino, que voltara a frequentar as mesmas ruas onde
conheceu os moleques do N.W.A.
( _Depois de um tempo percebi que estava enganando a mim mesmo fingindo
ser feliz onde eu não era, que eu estava só tentando agradar aos meus
pais. Sei que Deus que irá julgar cada um de nós, e quando ele for me
julgar, quero que me julgue pelas decisões que eu mesmo tomei).
Da mesma maneira em que NeGo JoW ficou um tempo afastado do RAP, o
mano Indião, já sendo chamado agora de Alessandro, pois após servir o
exército, casou-se e converteu-se ao evangelho. Mano Kanela e mano NeDom
ainda faziam um corre no RAP, estavam cantando solo. Foi com um som
novo chamado Força Rap, que se iniciara um novo grupo, somando os três
em um só grupo, com a participação da irmã de NeGo JoW, a Kyung Hee.
Dessa vez, o grupo foi nomeado “Neguin T.I – Traficando Informação”,
fizeram vários sons juntos e nessa mesma união, levaram seu som pelos
cantos de Minas Gerais.
NeGo JoW
somou e ainda soma até hoje com os manos do Neguin T.I, esse grupo foi
mais um passo a frente na vida de NeGo JoW. Mas por não viver só de
música e ter de cumprir outras responsabilidades como trabalho, o grupo
acabou se distanciando. Foi nesse grupo que NeGo JoW julga ter adquirido
novas experiências, novos conceitos sobre amizade e também, enorme
vontade de lutar contra a violência. NeGo JoW atualmente atua no grupo
KOLIGAÇÃO KEBRADAS, onde ele mesmo é o fundador, contando com o apoio do
mano NeDon Mc e seus irmão Jung Nam e Kyung Hee.
Em 2011, NeGo JoW saiu da casa de seus pais, pois os mesmos ainda não
o apoiavam na escolha do caminho que NeGo JoW queria levar, talvez por
não terem amplo conhecimento sobre essa cultura que é linda e salva
milhares de vidas no mundo todo.
(Desde o começo de minha adolescência tenho tido isso no topo da lista
de coisas mais importantes em minha vida, mas nunca me senti tão
motivado, tão esperançoso e tão decidido a alcançar esse objetivo.
Acredito firmemente que algum dia, ainda estarei trabalhando arduamente
só na área de música. RAP especificamente, pois é a cultura que eu me
identifico em todos os sentidos. Acredito também, em que se esse é meu
sonho, só não será possível se eu desistir no meio da caminhada)!
(Hoje, já com a mente um tanto evoluída, um talento incontestável
pra fazer rimas, projetos contra a violência, até compreensão da família
e principalmente, sem a velha timidez e mania de querer agradar a
todos, inimiga da vitória! Hoje, estou sonhando acordado! Coloquei os
pés no chão! Hoje, minha mente voa, mas com um FOCO, não vou jogar a
bandeira e desistir, Não serei um fraco. Através dos meus RAP’s, com o
grupo KOLIGAÇÃO KEBRADAS, do Projeto VerdadeiraMente, estou unindo
FORÇAS, tentando mostrar ao mundo, principalmente aos meus pais, de que
há sim, outras maneiras de ser bom, de ajudar o próximo, de levar ideias
positivas as pessoas e mudar vidas, que não é com a violência que se
faz justiça, que um sonho só é possível se estivermos bem acordados e se
mantivermos o máximo possível de FÉ).
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