Em Angola e noutras partes do mundo o estilo Hip Hop é visto por muitos como um estilo violento que desvia a boa conduta humana. A história do Hip Hop, principalmente na América, foi, e é, marcada até hoje por algumas cenas violentas, que acabam inclusive em mortes.
Em Angola, os Beefs (batalha verbal entre rappers), que são poucos, comparado a outros pontos do mundo, não têm originado cenas violentas e importa salientar que o Hip Hop nacional não é tão oriundo dos guetos como as suas origens na América.
Dos grupos angolanos que têm hoje maior evidencia os seus integrantes são pessoas bem localizadas e muitos deles com um nível académico e posição social aceitável.O termo Hip Hop, segundo algumas pessoas, foi criado em meados de 1968 por Afrika Bambaataa.
Ele teria se inspirado em dois movimentos cíclicos, ou seja, um deles estava na forma pela qual se transmitia a cultura dos guetos americanos, a outra estava justamente na forma de dança popular na época, que era saltar (Hop) movimentando os quadris (Hip).
Ele teria se inspirado em dois movimentos cíclicos, ou seja, um deles estava na forma pela qual se transmitia a cultura dos guetos americanos, a outra estava justamente na forma de dança popular na época, que era saltar (Hop) movimentando os quadris (Hip).
A cultura Hip Hop é formada por três elementos que são nomeadamente: o “RAP”, rhythm and poetry, ou seja, ritmo e poesia, que é a expressão musical-verbal da cultura (constituída por sua vez pelo DJ (disc-jockey): operador de discos, que faz bases e colagens rítmicas sobre as quais se articulam os outros elementos, hoje o DJ é considerado um músico, após a introdução dos scratches de GradMixer DST na música Rock it de Herbie Hancock, a qual faz parte da música, e não apenas um efeito, incremento ou Break da música.
O Break-beat, é a criação de uma batida em cima de músicas já existentes, uma espécie de LOOP, seu criador DJ Kool Herc, desenvolveu esta técnica possibilitando B.Boys a dançarem e MC´s a cantarem... O Beat-Junkie, já é a criação de músicas pelos DJ nos toca-discos, com discos e músicas diferentes e o outro sub elemento do rap é o MC (master of cerimonies /Microphone Cheef): porta-voz que relata, através de articulações de rimas, os problemas, carências e experiências em geral dos guetos. Não só descreve, também lança mensagens de alerta e orientação, o MC tem como principal função animar uma festa e contribuir com as pessoas para se divertirem, muitos MC´s no início do Hip-Hop davam recados, mandavam cantadas e simplesmente animavam as festas com algumas rimas...); o “GRAFFITI” que representa a arte plástica, expressa por desenhos coloridos feitos por graffiteiros, nas ruas das cidades espalhadas pelo mundo e o “BREAK DANCE” que representa a dança, onde os B.Boys (dançarinos) com a sua técnica mostram alguns movimentos ao ritmo da musica.O Hip Hop, não é mais do que a junção destes três elementos: RAP (DJ e MC), GRAFFITI e o BREAK DANCE. Ainda que os elementos possam existir por separado, o sentido da performance só pode ser compreendido em conjunto: o MC rima seguindo a música comandada pelo DJ, o B.Boy dança o que a música sugere, o grafiteiro plasma no mural as idéias transmitidas pelos outros elementos; todos seguindo todos, para formar uma só performance, uma só expressão.
O Hip Hop em Angola é ainda uma criança comparado aos estilos musicais como o semba e a Kizomba, mas apesar de ser um estilo ainda muito jovem, ao lado do kuduro são os estilos que mais levam pessoas aos espectáculos e que mais vendem na portaria da cultura e casas de música. Espectáculos como, os do SSP, Kalibrados, Army Music, Jay-Z (que abarrotou o cine Karl Marx) e os promovidos pela Casa Blanca que por regra são dominados pelo estilo Rap, são provas mais do que suficientes para mostrar o peso que este estilo tem no nosso país.Dentro de um dos elementos do Hip Hop, que é Rap, temos também algumas distinções de estilos. Temos por exemplo o movimento comercial (baseado em numa musica mais dançante, audível mais em cenários festivos mas nem sempre tem como finalidade o lucro), onde temos como referencia os SSP, Kalibrados, Army Squad, e tem o movimento underground (música baseada em acontecimentos reais, criticas sociais, políticas e outros acontecimentos mais gerais e reais, positivos e negativos do nosso dia-a-dia, desde o presente, passado e futuro), e que são referências o Mc K, Keita Mayanda, Phay Grande, Kid Mc e outros.
Para os mais velhos, que defendem a teoria de que o Rap em Angola é um estilo de bandidos, importa salientar que muitos dos cantores de Rap com CD no mercado, são pessoas muito bem equilibradas mentalmente e com nível académico aceitável, comparado aos cantores de Kuduro, Kizomba e Semba.
As calças largas, fitas adesivas no rosto, transas, fios brilhantes, pircings, etc, são algumas expressões que representam esse estilo, como os panos e trajes africanos que alguns cantores de semba usam. CDs como do Keita Mayanda, Mc K, Leonardo Wawuti,Kool Kleva, são referências positivas e sem dúvidas são respostas autenticas a todos os kotas que de uma forma ou de outra não acreditam neste estilo musical, que é o que mais expressa a liberdade de pensamento e procura influenciar de forma positiva a mentalidade do povo para os problemas políticos e sociais.
Fala-se muito sobre o plágio no Hip Hop angolano?...quanto a este ponto, podemos afirmar que o Hip Hop angolano não é plágio. Este tema já foi bastante debatido e ouve uma crítica neste mesmo espaço a falar sobre o assunto. Não se pode considerar que o Hip Hop angolano seja um plágio autêntico, quando só 20% o fazem, fica sem lógica, porque restam mais 80%, que não devem e nem podem pagar por falta de profissionalismo de alguns. Podemos tirar o exemplo de muitos kotas que em tempos idos, cantaram Merengue e rumba que também não são estilos de origem angolana e alguns deles eram autênticos plágios e passavam na rádio.
A diversidade de estilos é um facto no nosso mercado musical devemos é valorizar toda boa iniciativa.Uma das mais valias, que esse estilo traz para o país, por ser universal, é facto, de ser até hoje o que mais representa o país no estrangeiro. O Rap, Soul e o R&B têm levado os cantores angolanos a outros patamares. Tivemos a Pérola, no Kora como melhor voz feminina da África austral, tivemos representações dos SSP, Warrant B e Bruna, na premiação anual da televisão de música sul africana que no ano passado contou com as participações de Anselmo Ralph e Yola Araújo também tivemos ainda um participação de Anselmo Ralph na premiação do canal televisivo de musica da Inglaterra, a MTV, na categoria de melhor artista africano, que também já foi representada pelos O2 e ainda temos o Mc K como embaixador do rap angolano no Brasil depois de ter participado em vários espectáculos e ter sido recebido em audiência com o ministro da cultura brasileira, Gilberto Gil.Segundo Mc K, “Não interessa o ritmo porque a música é uma folha branca onde o artista é legítimo” dentro das suas liberdades e respeito aos outros.
Aceitando e respeitando esse pensamento, é legitimo dizer, que cada uma deve fazer ou cantar o estilo que sabe e que lhe faz sentir-se bem. A música não tem fronteiras independentemente do idioma, cantar é exprimir aquilo que vem do íntimo. Quê adianta cantar semba ou kilapanga, quando não se sabe e nem terei ninguém próximo para ajudar ou orientar?Estes são alguns dos dados ou acontecimentos positivos que também precisam de ser vistos e apoiados.
A aparição destes cantores, nestas premiações deviam ser também, uma campanha do nosso ministério da cultura, divulgar, apoiar, incentivar e dar a conhecer as pessoas, as formas de voto, para que os nossos artistas, deixem de pensar apenas em participar e pensem também em ganhar como os Congoleses e Cabo Verdianos, independentemente do concorrente.
A mensagem que fica, é: O Hip Hop não é um desvio, esta a crescer, e o lado positivo das coisas deve ser o mais realçado para que o negativo perca a força.Exemplos exactos de que o Hip Hop é sinonimo de, amizade e união, são as miscelâneas com outros estilos como o Semba, Kizomba, Samba, etc. Temos canções como “Makamba” de Carlos Burity e Jeff Brown, “Tu eres” de Maya Cool e SSP, Toy Cassevo e Warrant B, New Crew e Robertinho, Koligação 4ever e Sabino Henda, Génesis e Alcione e outras canções, provam que há sociabilidade integradas também nas matérias necessárias para fazer face às lacunas e tabus a que são alvos os que fazem Hip Hop.
Resumidamente seria errónea, e até discriminante, a convicção de que Hip Hop é desvio. Deve-se levar ainda em consideração o facto de que o Hip Hop, com as suas críticas sociais, contribui para a edificação das sociedades, consolidação da democracia e manifestação da liberdade de expressão dos cidadãos. Sendo a juventude a força motriz da nossa nação, e sendo o Hip Hop maioritariamente feito por jovens, o Hip Hop constitui um instrumento fundamental para impulsionar os órgãos de decisão política a uma gestão coerente dos bens públicos e tomada das decisões que mais afligem essa faixa estaria e a sociedade no geral. Visto por essa óptica, Bem-haja Hip Hop.
Fonte: Hip Hop Angolano
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