sexta-feira, 17 de julho de 2009

Buraka Som Sistema -O melhor do Kuduro Progressivo




Falar de Kuduro em Portugal já não é novidade, embora o género ainda não tenha atingido o nível de loucura rítmico-cultural que se tem vindo a notar em Lisboa desde os finais dos anos 90. Essa massificação deve-se em parte ao trio Buraka Som Sistema e à sua ousada recriação do Kuduro. Num refrão, o género saiu do espaço que lhe era reservado e fundiu-se com outras manifestações electrónicas. Inovação musical ou simplesmente o instinto de estar no sítio certo e com a canção perfeita?

O grupo afirma que um não está desassociado do outro. Num momento em que o Ocidente mal aprendeu a classificar essa música suburbana, que germinou das novas metrópoles do mundo globalizado, o grupo pegava nos cânones desse fresco Electro-Ghettotech e acrescentava outro ponto de influência geográfica à pista de dança por onde passava, contaminando meio mundo, com uma África nunca antes ouvida. A fórmula usada para a conquista – From Buraka to The World, o E.P que introduziu o Yah! (single do ano da influente publicação britânica FACT).

Lil’John e Riot começaram a fazer música juntos na adolescência mas o núcleo de Buraka Som Sistema só se completou quando os dois começaram a trabalhar com o produtor Angolano, Conductor, que trouxe consigo um extensivo conhecimento sobre o Kuduro. Os três pegaram nas influências da música da sua juventude, na sua cultura, e fundiram-na com a inspiração tirada de géneros musicais tão diversos como o techno, o drum‘n’bass, o hip hop e a música de dança. Um rotativo elenco de talentos juntou-se a Buraka, nomes como Petty, M.I.A., Pongolove, Kalaf, Nolay, Bruno M, Deize Tigrona, Puto Prata e DJ Znobia.



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Depois do alarido relativamente às noites quentes que os Buraka Som Sistema tem proporcionado por Lisboa, eis que chegava um EP, que pretendia apresentar o som da Buraka ao mundo. Lil’John, Riot e Conductor juntaram-se e meteram mãos à obra para a criação de um pequeno cartão de visita musical. Desenvolveram-se os beats e preparou-se a entrada da Petty e das restantes participações vocais. Trata-se de uma tentativa de fazer chegar a novas audiências formas de criação musical que normalmente não saem das periferias dos grandes centros urbanos e ghettos. O lançamento do EP “From Buraka to the world” em Julho de 2006 (uma edição limitada de 750 discos só disponível na FNAC esgotou em apenas 1 mês) lançou a pedra de toque desta nova entidade musical, o Kuduro Progressivo: uma apresentação de 8 temas onde as batidas e as intervenções vocais não permitem a inércia, mas tão somente o movimento e a dança. A sequência dos eventos que se seguiram só transparecem o sucesso e a verdadeira aceitação que este projecto granjeou: da re-edição em Junho 2007 do EP “From Buraka to The World” agora com mais dois temas “Wawaba v.1.8” e “D…D…D…Jay”, à participação em todos os maiores festivais da Europa, tais como, Glastonbury e Bestival em Inglaterra, Roskilde na Dinamarca, EXIT na Sérvia e em muitas outras actuações pelo mundo fora.

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Os BSS apresentam “Sound of Kuduro Remix EP”, que conta com as intervenções dos produtores LilJohn, Riot, Reso e The Count and Sinden (Domino, UK). Editado em Junho de 2008 (Enchufada/Sony BMG). A intenção por trás desta colecção de remisturas e re-visões da matéria dada, é mostrar e aguçar o apetite sobre o que está para vir! Para além do já aclamado “Sound of Kuduro”, inclui o tema “Kalemba (Wegue Wegue)” que representa a evolução dos Buraka Som Sistema, evidente na busca de um som único que represente a sua identidade e que seja transversal no que toca o cruzar de estilos dentro do que podemos denominar de música de dança “global”. Outro diamante a realçar neste E.P é a convidada vocal – Pongolove, MC de talento e cantora em ascensão

Isto é Buraka. Isto é a ascensão da periferia enquanto força criativa. Isto é viver o PAL(p)OP no concreto, redefinindo o conceito de Música do Mundo. Isto é música para todos os mundos e chamemos-lhe apenas “Black Diamond”. A primeira amostra do vídeo chegou via Web - o site musical Pitchfork Media estreou o vídeo do single “Sound of Kuduro”, que conta com as participações vocais de vários mc´s: a britânica M.I.A, habituada a navegar por sonoridades marginais; os angolanos Puto Prata, Saborosa e Dj Znobia, um dos arquitectos do novo Kuduro. O vídeo, filmado em Luanda, serviu como introdução ao universo Kuduro. As reacções não se fizeram esperar e as críticas favoráveis colhidas na blogosfera transformaram-no num acontecimento. Geograficamente, nos 12 temas apresentados em “Black Diamond”, os Buraka Som Sistema conduzem-nos até Londres, onde os Virus Syndicate nos convidam para dentro das graves e ásperas sonoridades do dubstep. Fazendo-nos sentir como se estivéssemos na Luanda de Bruno M, com o seu flow inconfundível e que em 4 minutos faz a ponte com a Cidade de Deus, onde Deize Tigrona, uma das vozes maiores do Baile Funk, nos coloca no coração da favela e reaproxima o Rio de Janeiro, no verbo e nos gestos. A todos os que já percorreram a IC19 e que perante a imensidão de prédios se questionaram sobre como vivem, sonham e se divertem os que ali habitam, Pongolove, a jovem MC angolana (que emigrou para Amadora com a família), responde com “Kalemba” (wegue wegue)

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