quinta-feira, 30 de julho de 2009

HipHop Underground de Luanda ganha cada vez mais espaço



O hip hop trouxe consciência social e temáticas que andavam esquecidas no meio artístico angolano. Os rappers underground diagnosticam as contradições da sociedade angolana na vontade poético-política de crescer num país onde a liberdade e a justiça sejam possíveis. É uma cultura popular onde a juventude se revê e se questiona os destinos da nação. Ouvimos alguns mc’s que dão nome ao movimento.

A acção decorre na Luanda da década 2000, após uma guerra civil iniciada antes de uma independência que não dispensou as armas, com um poeta à frente da República. Imaginem rapazes numa Luanda do socialismo na infância, da guerra e deriva na adolescência e da descoberta artística no presente. Crescidos na cidade dinâmica que exige todas as energias e oferece algumas frustrações, degenerando em sonhos rasteiros. Os novos artistas angolanos têm coisas para dizer sobre o que se está a passar e, sobretudo, sobre o que demora a acontecer. “Há muito que os observo, esses, os do rap que se movem e se orgulham do seu rap underground que mais do que criticar, reflecte e procura questionar” escreveu Ondjaki nas cartas a Ana Paula Tavares no JL.

Mc Kapa, Kheita Mayanda, Phai Grande, Leonardo Wawuti, Flagelo Urbano, Condutor e Ikonoklasta são alguns nomes desta corrente de resistência feita de “soldados da paz” e “trincheiras de ideias” que traduz as preocupações da nova geração que habita no centro e na periferia de uma cidade globalizada, e lembra, nas palavras de Mc Kapa estampadas em centenas de t-shirts que desfilam por Luanda, que “o país não tem dono, Angola é de todos nós”.

A crítica destes rappers destina-se, antes de mais, a alertar as consciências, sobretudo dos jovens, tantos que eles são. É o hip hop underground, convictamente demarcado do hip hop comercial, agressivo, consumista e misógino, exaltador de valores alheios à realidade angolana numa quase tradução das letras de rappers americanos. Entenda-se underground como uma filosofia, a postura do artista em relação ao mercado e ao seu público, o hip hop que “o grande público desconhece, de artistas cuja primeira preocupação é comunicar as suas ideias” diz Kheita Mayanda.

Filled Under:

0 comentários:

Postar um comentário