Quando o movimento hip hop começa a tomar de assalto todo o país, através de seu elemento mais visível, a música rap, com participações em eventos de grande porte e altos índices de vendagens de CDs, poucos se lembram de que esta verdadeira revolução comportamental teve como célula embrionária os desafios de rimas e rachas de break realizados nas praças São Bento e Roosevelt, no centro de São Paulo, em meados dos anos 1980. De forma tímida, mas nem por isso menos atuante, estavam entre seus entusiastas quatro rapazes da Zona Leste de São Paulo que atendem pelos nomes DJ Slick, Markão II, Elly e Max. Percebendo a importância do poder de transformação contido em um movimento que surge das ruas para as ruas, o quarteto se reuniu e criou o DMN em 1989. De Itaquera, mais precisamente da COHAB II, o DMN alcançou todo o país através de rimas poderosas, com forte conteúdo político-sócio-cultural, em letras que condenam o racismo, o machismo, a violência e demais elementos que fomentam o ódio e a ignorância. Partindo do principio de que através da música seria possível transmitir informação e dar novos rumos às vidas dos jovens oriundos das camadas menos assistidas da sociedade, o grupo participa da coletânea Consciência Black Vol. II, em 1992, com a música “Isso não se faz”. A canção, verdadeiro libelo contra a visão estereotipada como os cidadãos de descendência africana são mostrados em programas televisivos mundo afora, acabou ganhando toda a comunidade hip hop e chamou a atenção da crítica para o potencial do grupo.
O ano seguinte foi marcado pelo lançamento do CD Cada vez + preto. Primeiro trabalho individual do DMN, o álbum traz como principal característica letras que condenam as injustiças sociais e buscam exaltar a auto-estima do povo negro, fazendo referência a heróis como Zumbi dos Palmares, Malcolm X e Marcus Garvey entre outros. Hoje tido como um dos grandes clássicos da história do movimento no Brasil, “Cada vez + preto” contém algumas das composições mais inspiradas de nosso rap, tais como “4P”, “Como tudo pode estar bem”, “Mova-se” e “AFORMAORIGINALMENTAL”. Esta última alcançou todo o Brasil através de seu videoclipe, ganhador da medalha de bronze na Premiação Colunistas de Criação de 1995. A preocupação dos integrantes do DMN para com seu papel social, no entanto, vai além da música. O grupo tem participado ativamente de projetos que visam conscientizar jovens das regiões periféricas de todo o país, além de estar diretamente ligado a ONGs como a Geledés e outras, promovendo palestras, debates e oficinas, buscando propor opções e dar incentivos às comunidades. É a este tipo de atividade que o grupo se dedica nos anos seguintes, além de apresentações elogiadas e concorridas por todo o país. Em 1998 o DMN volta aos estúdios para a gravação de H. Aço (Homem de Aço), que conta com a participação do Racional MC Edi Rock, cujo single traz ainda mais duas faixas inéditas. Com altos índices de execução em rádios de todo o país e com um videoclipe na programação da MTV Brasil, o grupo é indicado na categoria melhor vídeo de rap no VMB (Vídeo Music Brasil) e melhor música no Prêmio Hutus, de 1999.
Produzido por Edi Rock, em 2002 chega às lojas “Saída de Emergência”, segundo álbum do grupo, no qual destacam-se hits certeiros como a faixa título, “Cisco”, “Racistas otários” e “Tenho uma meta a seguir”. Com este trabalho, o DMN confirma-se definitivamente como um dos mais importantes grupos do novo rap paulistano, chegando a ser indicado em três categorias do Prêmio Hutus (Melhor DJ, Melhor Álbum e Melhor Grupo) no mesmo ano. No final de 2003, boa parte dos admiradores de rap de todo o país correu para as lojas de CDs. O advento de um novo lançamento de um dos grupos mais adorados pela comunidade hip hop brasileira é sempre festejado como final de campeonato. Não poderia ser diferente com Essa é a cena, mais recente trabalho do grupo DMN. O disco já conta com pelo menos dois grandes hits nas rádios: a faixa título e “Jão”, uma das mais tocadas em programas de rap nos últimos meses. Marcado por composições fortes, este trabalho representa um amadurecimento na produção e composição das bases. Slick (DJ), Elly (produtor-vocalista), Max (vocalista) e Markão II (compositor-vocalista) conseguiram produzir um álbum à frente de grande parte do que se é mostrado neste segmento musical hoje em dia.
Contando com a força de manos de fé como Lino Crizz (Gueto Jam, ex-Metralhas), na faixa “Essa é a Cena”; Sandrão (RZO), em “Fim de Sonho”; Maionese (SP Funk), em “Stress”, além de outros, as letras mantém como principal característica a contestação e denúncia social, sobrando espaço, no entanto, para falar sobre diversão, como na faixa “Balada”; e amor, na bela letra de “Pra você Preta”, celebrando a principal característica de um povo guerreiro: a capacidade de amar e se divertir, apesar das mazelas impostas por estes tempos cruéis. Sinal do caminho de amadurecimento que vem sendo seguido pelos principais artistas de rap do país, os shows que promovem Essa é a cena contam com a presença de uma banda – composta por baixo, guitarra e bateria –, além da formação tradicional do grupo com DJ e MCs, fortalecendo arranjos e a presença de palco, aumentando ainda mais o poder de fogo do grupo.
Discografia
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CADA VEZ + PRETO(1993) _________________________________________________________ H.AÇO(SINGLE)...(1997) _________________________________________________________ SAÍDA DE EMERGÊNCIA(2001) _________________________________________________________ SAÍDA DE EMERGÊNCIA(Ao vivo) _________________________________________________________ SAÍDA DE EMERGÊNCIA...DVD(2001) _________________________________________________________ ESSA É A CENA(2003) _________________________________________________________ ACERTO DE CONTAS(2008) Solo do EllyPretoriginal _________________________________________________________
VideoGrafia
DMN - Que Passa de Ano? Vem kom nois!
Dmn-Homem de Aço (Ao Vivo)
DMN - Jão
DMN - Aformaoriginalmental
DMN - H. Aço
DMN - Racistas Otários
DMN - Talvez eu Seja
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