O primeiro álbum de T.T. atingiu a liderança da tabela de vendas digitais em Portugal e garantiu um espaço para o r&b nacional, ainda pouco expressivo.
O cantor português regressa agora com "Mais Que Uma Razão" e a MusicaOnline esteve à conversa com ele nos estúdios da Universal a editora que, segundo ele, sempre lhe deu total liberdade criativa.
O cantor português regressa agora com "Mais Que Uma Razão" e a MusicaOnline esteve à conversa com ele nos estúdios da Universal a editora que, segundo ele, sempre lhe deu total liberdade criativa.
O teu primeiro álbum chegou a nº 1 do top digital. Como encaras este novo mercado?
TT: É óptimo que exista porque possibilita que todos tenham acesso ao disco, independentemente do sítio onde vivem. Por vezes as pessoas querem comprar um álbum, mas simplesmente não está disponível na zona onde moram e através do mercado digital essa barreira está ultrapassada.
Isso possibilita que conheçam a minha música e possam ir aos meus concertos. Por outro lado, é pena perder-se o formato físico porque se perde a capa, o livro e o objecto de colecção, mas compreendo que as coisas evoluam e eu estou a adaptar-me à nova realidade.
Passa-te pela cabeça oferecer um álbum para download ou o teu trabalho tem um preço?
TT: Não teria dificuldade em fazê-lo porque produzo todos os meus discos e se quisesse lançar um disco daqui a dois meses tinha material para isso, mas para manter uma carreira é preciso ter um caminho e eu prefiro editar primeiro em disco e só depois na internet. Infelizmente quem quiser ter o meu disco vai à Net e tira, não preciso ser eu a disponibilizar...
À semelhança do álbum anterior, voltas a contar com muitos músicos convidados. A música é sector solidário?
TT: Sim, sem dúvida, até porque no meu meio, o r&b e a soul, não há assim tantas pessoas e acabamos por nos cruzar constantemente nos concertos ou em estúdio. Há poucos locais onde se ouve este tipo de música e acabamos por estar sempre todos juntos, trocar ideias, partilhar coisas e colaborar uns com os outros.
De facto ainda não há muitas pessoas a dedicar-se ao r&b e à soul em Portugal. Sentiste alguma dificuldade no início da carreira?
TT: Senti e ainda sinto porque o público português não me associa a um cantor de r&b, precisamente porque é um estilo com pouca tradição em Portugal. As pessoas dizem que é boa música, mas não associam ao género, ao contrário do que acontece, por exemplo, com o hip-hop. No entanto, acho que ao longo deste ano e meio já ajudei a abrir algumas portas, nomeadamente porque a música entrou nas rádios e nas novelas.
Uma das faixas do novo álbum chama-se "Levanta-te do Chão". Já caíste muitas vezes?
TT: Não cheguei a cair porque nunca estive em pé no meio musical, mas vi cair muita gente ao longo do processo de gravação de um disco. Enquanto preparava o álbum vi desaparecer muitos artistas, uns por falta de qualidade, outros por falta de sorte e por muitas outras razões. Essa música tem por objectivo passar uma mensagem positiva no sentido de lutar para alcançar um objectivo.
Um dos teus versos diz "gravei um álbum só pelo que sentia". Sentiste algum tipo de pressão para gravares o segundo álbum depois do sucesso do primeiro?
TT: Por acaso tenho que agradecer à minha editora porque sempre deixaram claro que teria total controlo criativo sobre o meu trabalho. Nunca se opuseram, talvez porque tenha ido sempre de encontro aquilo que eles e o público querem.
Trata-se de uma equipa coerente que já percebeu aquilo que me move e aquilo que quero transmitir. Essa música é um desabafo. Com algum talento, força de vontade e sorte – nestas coisas é preciso muita sorte – consegui fazer algo de que me orgulho.
E afinal o que te move num altura de crise na indústria?
TT: Motiva-me cada melodia nova que faço. Passo a maior parte do meu tempo no estúdio e é outro mundo. Estou a criar uma música e a imaginar o que as pessoas poderão sentir ao ouvi-la, seja em casa, no carro ou noutro sítio qualquer. Quando estou em palco e o público começa a cantar é arrepiante e é esse sentimento de partilha que me faz avançar. Não há palavras para descrever a sensação.
O Michael Jackson é uma referência assumida. Como viveste este último mês?
TT: Quando soube estava a caminho de uma r&b session, das poucas que existe em Portugal. O evento acabou por se transformar num tributo ao Michael porque o DJ tocou todos os sucessos e ele dominou as conversas. Durante toda a noite nos confortámos porque foi uma perda única. Morreu o rei, mas nasceu uma lenda. Eu jamais imaginei que o Michael Jackson poderia morrer.
Qual a música dele que mais te influenciou?
TT: "Billie Jean", porque não vai voltar a existir uma linha de baixo, um beat e um refrão como aqueles. Absolutamente fabuloso!
Brincando um pouco com o teu nome, que também pode ser interpretado como todo-o-terreno, imaginas-te a experimentar novos estilos musicais?
TT: Sinto-me um artista versátil e, há um tempo para cá, tenho experimentado outros géneros, porque estou a trabalhar para alguns DJ. Faço participações em álbuns house, hip-hop e muitas outras coisas. Recentemente fiz uma remistura do "Lisboa Menina e Moça", do Carlos do Carmo, que deverá estar incluída na reedição do novo álbum. Não quis samplar o Fado.
O que fiz foi uma versão r&b da faixa, com músicos a tocar ao vivo. Essa música, como muitos outros fados, tem uma componente melódica e emocional muito forte. O público talvez não saiba, mas eu trabalho em vários géneros musicais.
Entrevista retirada do site Música Online
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