Bem deixo aqui uma vírgula, pois Shade B continua surpreendendo.
O Jornalista de Rua do Hip Hop Kriolo
G.
Alguns temas incluídos em Profundidade:
Emmanuel conta que a kalashnikov(AK 47) que lhe deram era maior que ele. Entre os 7 e os 12 anos viu mortes e assassinatos. O exército regular sudanês não tem misericórdia, arrasa com tudo. Os membros da etnia Nuba ou as populações do sul ou as do Darfur sabem muito bem disso.
Por causa deste conflito a Corte Penal Internacional (CPI) emitiu uma ordem de detenção contra o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, por violação aos direitos humanos. São milhões os deslocados e refugiados, com os seus poucos bens perdidos e destruídos, levam o luto e a dor estampados nos seus rostos.
Esta gente vive no meio do nada, panorama que constitui grande parte dos 2,5 milhões de km2 que configuram o país. O SPLA sempre oscilou entre a oposição e a imposição da lei islâmica por parte do governo e do bandoleirismo. Emmanuel quis se livrar desses horrores, por isso, desertou durante três meses junto a outros, em busca de salvação. Padeceu fome e esteve a ponto de cometer canibalismo.
Estando ao lado de um amigo ferido, ele recorda que pensava, agoniado pela fome: "Amanhã vou comer-te". As palavras da sua mãe regressaram à sua memória, evitando-lhe outro trauma: "deve-se ter paciência e esperar a comida, porque Deus faz as coisas bem". No dia seguinte recebeu ajuda em víveres
UMA REDE DE CONFLITOS
A história de Emmanuel Jal é a história de outros 300 mil meninos, obrigados a lutarem em organizações militares que participam de dezenas de conflitos. A UNICEF, o organismo da ONU para a infância, não cessa de denunciar esta prática demencial. A metade dos meninos soldados estão na África, entre as milícias que lutam na região dos Grandes Lagos, nos diversos "exércitos de libertação", conduzidos por senhores da guerra que se enriquecem e fabricam assim o seu espaço de poder.
No meio da guerra, minerais, drogas, diamantes, petróleo acabam beneficiando os mercados do norte rico. A deserção no SPLA era castigada com a morte. Mas no Exército de Resistência do Senhor (LRA, sigla em inglês), que alistou mais de 20.000 meninos nas suas filas, este castigo era mais atroz ainda: o seu desequilibrado líder, Joseph Kony , procurado também pela CPI por crimes de guerra, impõe aos meninos parceiros do desertor, espancá-lo até a morte. Com freqüência, além de soldados, as meninas são escravas sexuais.
O SPLA actuou no Sudão e o LRA em Uganda, no sul do Sudão e no ex Zaire. Ambos se opunham aos governos locais. Fundado por John Garang, entre 1983 e 2005, o SPLA lutou contra o processo de arabização "" efetuado pelo governo de al-Bashir, um genocídio contra as populações não árabes do sul, provocando 2 milhões de mortos. O tratado de paz de 2005 reconheceu a região do Sul do Sudão; em 2011 haverá um referendum sobre a sua independência.
Fundado em 1987, o LRA opõe-se, no norte de Uganda, ao governo corrupto de Youveri Museveni, o dono do país com o exército africano mais poderoso, mas "incapaz" de acabar com a guerrilla de Kony. Até 2002, o LRA embrenhava-se pelo território sudanês onde recebia apoio, pois al-Bashir estava interessado em desestabilizar Uganda. No meio da luta, as pessoas.
UM GESTO DE AMOR
A história de Emmanuel mudou completamente devido a um detalhe fundamental, quando se encontrava num campo de refugiados e conheceu Emma McCune, uma trabalhadora humanitária. Casada com o líder guerrilheiro sudanês Riek Machar, hoje vice-presidente da Região Autónoma Governo do Sudão do Sul, Emma o convencera a não utilizar meninos na sua milícia. Sensibilizada com o caso de Emmanuel, a mulher decidiu adotá-lo e enviá-lo para o Quênia e tornou-se responsável por sua educação. "Nunca havia recebido esse tipo de atenção'', conta hoje Emmanuel.
Ela nunca levantou a voz, corrigia-me com suavidade. Até então não sabia o que era o amor". Seis meses depois de sua chegada ao Quênia, Emma morreria num acidente de trânsito. Mas na alma deste menino algo mudara. Freqüentando uma igreja descobriu o seu talento musical. No decorrer dos anos passou da actividade amadora à carreira profissional. O seu primeiro trabalho chegou a estar entre os dez mais vendidos do Quênia.
Numa década, Emmanuel Jal, o seu nome completo, transformou-se num cantor internacional de hip hop com milhares de discos vendidos em todo o mundo. Hoje este artista vive entre Londres e África, criou uma instituição educativa que leva o nome da sua benfeitora, transformou-se num precioso colaborador da UNICEF na luta contra o uso de meninos como soldados, e utiliza o seu talento para difundir uma mensagem de paz.
A sua biografia foi publicada na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos e a sua vida inspira documentários e filmes. Sem dúvida, a história de Emmanuel Jal e a sua assombrosa mudança é somente uma gota no oceano de dor dos milhares de meninos obrigados a serem soldados. Mas hoje, ocupando um novo lugar na sociedade, este cantor pode fazer muito em benefício de outros como ele. É encantador saber que tudo foi possível graças a um gesto de amor de alguém por outra pessoa''
POR ALBERTO BARLOCCI
Os seus olhos viram ódio, fome e guerra. Foi forçado a lutar e matar, mas agora, luta com a música.
Emmanuel Jal fala sobre a sua missão de educar as crianças no Sudão.
EMMANUEL JAL - WARCHILD
01 Warchild
02 Forced to Sin
03 Many Rivers to Cross
04 Baaki Wara
05 Shadow of Death
06 Vagina - Emmanuel Jal, Jah Miracle
07 Hai - Ayak, Emmanuel Jal
08 No Bling
09 Skirt Too Short
10 50 Cent
11 Ninth Ward - Emmanuel Jal, Raochie
12 Stronger
13 Emma
ANDREIA QUARESMA
WWW.BLACK-VIBE.BLOGSPOT.COM ll WWW.HOTMIXS.BLOGSPOT.COM ll WWW.TWITTER.COM/ANDREIAQ
ANDREIA QUARESMA
WWW.BLACK-VIBE.BLOGSPOT.COM ll WWW.HOTMIXS.BLOGSPOT.COM ll WWW.TWITTER.COM/ANDREIAQ
.