Em 2008 quando foi lançado o HipHopditerra.com já existia o dodunahiphop.blogspot.com (numa fase embrionária), e que eu saiba, pouco mais existia sobre o hip hop kriolu. Eu criei o dodunahiphop para partilhar com quem quizesse os meus gostos relativos ao hip hop, de Cabo Verde, lusófono e do mundo. Comecei por falar um pouco de tudo o que ouvia e via, online, relacionado com o hip hop. Até que comecei a notar que o hip hop kriolu, principalmente aquele que é feito em Cabo Verde era praticamente inexistente, isto é, era pouco divulgado — aquilo que não se vê é como se não existisse (esta expressão ouvi algures) — então, decidi falar mais do hip hop kriolu uma vez que era o que tinha menos visibilidade.
O hiphopditerra.com começou por colmatar essa lacuna quando surgiu a 5 de Julho de 2008. Foi a partir daí que comecei aassistir a um verdadeiro debate sobre o estado do hip hop kriolu em Cabo Verde, eu via as pessoas a falarem de hip hop, das suas várias facetas, debates, artigos, partilha de experiências, chat, downloads, músicas, fotos, lançamentos, biografias etc. etc.
Durante um ano, através da internet, comecei a notar que formava-se um foco de arranque e começava a nascer um instrumento de partilha de conhecimento e informações sobre o hip hop kriolu. A primeira comunidade online dedicado exclusivamente ao HHK dava-me o material que necessitava e fez nascer o bichinho da procura por material "di terra" (em kriolu).
É claro que já existiam grupos com myspace e outras formas de divulgação das suas músicas tais como vídeos e downloads, era para mim dificil de os encontrar, a informação não estava organizada, e vi no hiphopditerra.com uma referência para concentrar esse tipo de informação e um centro de debates (parlamento do hhk) para grupos e amantes, um ponto de encontro, que era o que faltava para aproximar rappers, produtores e amantes.
Foi nesse período que o dodunahiphop passou a dedicar-se quase que exclusivamente ao HHK. Para preencher esse vazio que existe na concentração num único espaço de informações que possam mostrar ao mundo o que é o Hip hop Kriolu, quem o faz, o que existe, onde procurar, tornando-se não um destino mas sim um ponto de partida para essa descoberta. As informações relativas a isso estão muito dispersas, nas páginas de myspace dos grupos (nem sempre esclarecedoras), em blogs e páginas de internet recentes dedicados ao hip hop, em excassas notícias e entrevistas a grupos mais "bem sucedidos no mercado".
Entre 2008/2009 apareceu a Upamostra, um projecto de criação e divulgação de videos independentes, que colaborou com alguns grupos de rap na realização de videosclipes de grande sucesso tais como: "Fazi noz Rap", "Culpa é ka di bo", "Livri pa bu ser", o que ajudou bastante na divulgação atravéz do youtube e da TV videos de qualidade de HHK.
Nos últimos 2 anos o hip hop kriolu tem galgado terreno dentro do espaço musical de Cabo Verde, faltando ainda um longo percurso a percorrer, através da passagem de músicas nas rádios (Praia FM, RCV+, Rádio Nova), com programas semanais dedicados inteiramente ao hip hop, artigos esporádicos em jornais e inserção do tema (hip hop) em programas televesivos com entrevistas e reportagens, eventos como o SantiaRap ou o Festival Hip Hop Consciente, organizados pelo Centro Cultural Francês, este último em parceria com a DjuntArti, a participação de grupos e artistas de hip hop em festivais de músicas como Baia das Gatas, Festival LG, Festival Cerveja Strela, Festival Gambôa.
Recentemente foram criadas páginas na internet (comunidades) totalmente virados para o hip hop kriolu, como é o caso de vozdirua.ning.com, hiphopkriolu.ning.com, rapcriol.pt.vu, que vão fazendo essa ligação público/rappers. Hiphopditera.com regressará muito em breve e levantará de uma vez por todas o hip hop kriolu.
Tenho de confessar que consegui o que queria, saber mais sobre o hip hop kriolu, quem o faz, o que pensam, qual o objectivo de quem está a sério neste meio. Conseguiu-se reunir muita informação e muita gente à volta do mesmo – dar voz ao hip hop kriolu – só com muita partilha e espirito de comunidade será possivel atingir esses objectivos. Como diz Victor Duarte "hip hop kriol ta viv" então deixemo-nos contaminar por essa vida porque a música nunca fez mal a ninguém, muito pelo contrário, música é vida.
Eu já disse aqui que hoje em dia oiço mais hhk do que hip hop americano ou outro qualquer, isso graças ao excelente trabalho que muitos mc’s e beat makers têm feito dando-nos a conhecer o seu ponto de vista em relação à realidade do País e pessoal.
Concluindo tenho de confessar que o HHK está de boa saúde mas o mercado da música está de costas viradas ao Hip Hop. Apesar do esforço que já foi feito e sacrificio de muitos intervenientes, a aposta num CD de Hip Hop continua a ser um mito. Felizmente um mito que está proximo da realidade para alguns grupos e mc's que persistem ainda e têm a coragem de não se "venderem", mantando-se fieis à sua música.
By Khalo no "DodunaHipHop"
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