quarta-feira, 16 de junho de 2010

Cris Love Entrevista a Mc Lady R



























Hoje trago como a primeira entrevistada a LadyR, uma rapper com muito para mostrar, é uma talento nato. A mim já me cativou com os seus sons, uma jovem simples, mas uma verdadeira lutadora.

Entrevista!



Como é que brotou o pseudónimo de LaDy R?

Antes de mais quero agradecer o convite, é gratificante para mim saber que há pessoas que valorizam o meu trabalho.

Bom como hei-de começar, LaDy R surgiu de uma maneira espontânea. No inicio do meu envolvimento com a cultura Hip Hop adquiri o pseudónimo Dama di Respect, Dama por ser rapariga e também por achar um nome chique e urbano, Respect uma palavra com grande significado para mim, a palavra-chave da minha vida, a palavra no qual nunca vi e senti na minha vida pessoal. Nessa altura enquanto fui crescendo vi que precisava de um nome mais forte um nome que fica-se no ouvido, optei por transformar o Dama para Lady apesar de ter o mesmo significado mas o contexto seria deferente e o Respect visto que o R é uma letra que gosto muito, optei por reduzir e ficar com a inicial da palavra, surgindo assim o LaDy R um nome curto simples e estratégia um nome que valorizo bastante.

O (R) não tem só um significado mas sim 4 no qual costumo chamar as quatro pontas da minha estrela. Rap, Respect, Revolta, Rainbow três palavras presentes na minha vida cada uma a sua maneira.

* A Quanto tempo estás ligada a este movimento?

Tudo começou quando tinha 12 anos, quando comecei a ouvir Hip Hop tuga mesmo a fundo. Nessa altura não tinha grande conhecimento de Hip Hop tuga apenas escutava sons que o meu colega tinha no mp3 pois também era Mc, curiosidade pelo Hip Hop surgiu. Nessa altura ouvia Valete, Chullage, Kosmikilla, Sam the kid, Xeg, Mind da Gap, Dealema entre outros. Recordo me que nessa altura havia uma revista onde era divulgado o Hip Hop tuga e não só, onde poderia ouvir as novidades, continha sempre com um CD com os Mc da old school e os da nova escola. Todos os meses deixava de comprar almoço, gomas na escola para poder comparar a revista. Coisas de miúda. Nessa altura surgiram problemas pessoais no qual na conseguia lidar a revolta era enorme, hoje olho para mim e penso e agradeço pelo que passei pois se não acontece-se hoje não estaria ligada esta linda cultura. Aos 13 anos decidi desabafar para o meu caderno que na altura chamei de “O meu confessionário”. Todos os dias escrevia algumas rimavam outras não, mas sentia-me bem depois de exprimir tudo que sentia naquele momento fui escrevendo durante anos e anos, sem pensar algumas vez gravar as minhas letras pois achava que ninguém fosse apreciar. Quando entrei para 10º anos conheci três pessoas importantes que iriam mudar a minha vida no rap a Cristina, Mile, Vânia três pessoas que até hoje agradeço o apoio e a confiança que depositaram em mim. Por isso acho que a minha ligação com rap vem já desde de 1998 indirectamente pois na altura só escrevia. Em 2008 tive aquela coragem de gravar o meu primeiro som. Nessa altura não havia condições mas o que fazia e faço é com dedicação e amor por esta cultura. Basicamente o meu percurso no rap foi tardio mas valeu a pena a demora pois agora vejo frutos, e não me arrependo pois o rap é meu desabafo e minha alma é o meu sentimento e o que me trás calma.

* Como é que surgiu este sonho de cantar? E porque?

Como já referi na pergunta anterior eu jamais me imaginaria a cantar, nunca achei que tivesse vocação. Mas percebo que hoje o rap não precisa de ter voz afinada como pensava apenas alma, sentimento, amor e dedicação pelo que se faz. Mas voltando a pergunta o sonho que nunca foi sonho mas passou a ser surgiu depois de ter passado por uma vida difícil, um ambiente pesado em casa, um raramente presente, vários factores no qual foram deixando revoltada com a vida. Sentia-me sozinha desamparada apesar de ter apoio da família e amigos faltava-me algo, então percebi que seria o rap que seria o meu porto de abrigo, assim foi, fui escrevendo sempre letras, mas nunca pensei passar desse ponto.

Não poderei dizer que meu sonho fosse mesmo cantar mas através duma vida difícil construi um sonho no qual pretendo lutar, e de um sonho passou a ser uma necessidade para minha sobrevivência pois sem música não consigo ser eu.

* Fala me do teu primeiro som? Como surgiu o tema?

O meu primeiro som poderia ser um qualquer mas é obvio que o primeiro tem que ter sempre impacto nas pessoas deixar aquela mensagem forte e foi assim que fiz. Então o tema que surgiu foi o “ Cheguei pra Ficar”, achei adequado para altura pois ninguém me conhecia e com este som poderia fazer a minha apresentação e revelar os meus objectivos para estas culturas. Passei a ser mais uma peça desta cultura que tanto prezo Hip Hop tuga.


* Achas que és uma rapper completa? Ou achas que o podes vir ser?

Não digo que seja uma rapper completa pois tenho muito para aprender na música. Por exemplo na escrita pretendo desenvolver mais, explorar mais temas, melhorar a minha forma de escrever, em relação ao flow pretendo explorar a minha voz para obter flows diferentes e ver até onde posso chegar com ela. O meu maior objectivo é trabalhar para ser uma boa Mc, com tempo vou melhorando certos aspectos que agora não esta perfeitos como queria.

* Quais foram as tuas principais influencias a nível nacional e internacional?

As minhas referências nacionais foram poucas pelo facto de na altura não ter muito conhecimento a nível nacional, pois fui adquirindo com passar do tempo. Mas o que me marcou foi sem dúvida Valete pela forma que escrevia, o seu flow inconfundível, os temas que abordava, certamente uma grande inspiração, Chullage pelo facto de ser do meu bairro onde realmente sentia aquela união dos mc’s freestyles a noite no parque achava lindo e pensava quem sabe um dia não serei eu que estarei ali, os Mind da Gap por terem um estilo diferente do valete e Chullage mas com os seus sons atingiam o mesmo objectivo. A nível internacional sem duvida 2pac, B.I.G, Missy Elliot, Kayne West, Eminem. Cada um destes Mc ´s contribuiu para minha estada no rap.

* Pudeste contar com o apoio dos teus amigos para te afirmares ou nem por isso?

Claro sem dúvida amigos foram a palavra-chave da minha entrada, envolvimento, permanência no movimento. Eles sim, sempre me apoiaram de coração deram sempre opiniões aturaram as minhas “crises “ acima de tudo passaram força na altura que queria desistir de tudo. Antes de mais aproveito a oportunidade para agradecer as pessoas que me tem apoiado de coração, e com motivo de agradecimento deixo aqui um verso para eles.

“A terra precisa de chuva a rosa precisa do espinho, ninguém pode existir neste mundo vivendo sozinho”

E eu preciso de vocês para viver: Mile; Cris; Yola; Mãe; To. Um muito obrigado

* Que mensagem pretendes transmitir nos sons?

Basicamente tento transmitir nos sons um pouco de mim. Tento passar uma mensagem positiva em relação realidade das ruas, consciência social, do meio onde vivemos. Escrevo o que sinto e o que esta mal a meu ver daí abordar nas minhas letras duma forma positiva temas negativos para que as pessoas também possam se identificar. Faço música sem querer pisar ninguém faço música por amor e o que faço sou eu.

* Achas que o rap tuga está ser bem declamado?

Eu tenho uma ideia diferente acerca deste assunto não discriminando ninguém. Penso que agora qualquer pessoa faz rap, como se fosse moda, do tipo se meu amigo faz rap também vou fazer. Agora para ter um estúdio ou pelo menos ter os equipamentos que se precisa e fácil basta ter um mic, um programa, escrever e está andar, mas lá no fundo penso que não será esse o melhor caminho. Porque vejo que hoje a muitos mc’s mas poucos que fazem por gosto e transmitem uma mensagem verdadeira. A meu ver sinto que o rap de hoje perdeu aquele glamour que tinha, sinto que agora há mais rivalidade, competição entre bairros, grupos, raça. Penso que a melhor maneira de expandir o rap tuga seria a união que pelos vistos não existe.


* Já sentiste comentários discriminatórios pelo facto de seres uma rappers feminina?

Muitos mesmo já ouvi coisas do tipo “som que fizeste, fazia em Freestyle”,” és dama até que cantas bem”,” és dama não podes cantar sons agressivos”. É engraçado que estas pessoas e muitas mais que me dizem coisas deste género me descriminam por ser mulher pois pensam que rap foi feito para eles o que não e verdade. Muitos rapazes têm estes comentários talvez por se sentirem ameaçados, por saberem que há dama com empenho suficiente para estar ao nível deles. A realidade é que as mulheres hoje em dia fazem tudo, já a mulheres que trabalham na obra, no talho seja onde for, e uma revolução e acredito que ira aumentar mais pois nós mulheres temos capacidades para fazer tudo. É triste ainda haver pessoas com este tipo de pensamentos. Posso até referir uma situação complicada que passei, na altura em que entrei para rap vários Mc’s elogiaram meu trabalho deram força e tudo mas ouve alguns que por ser dama insinuavam se do tipo ajudavam mas tinha de dar algo em troca, como não sou desse tipo de damas fui frontal e disse lhe a verdade , meu deus depois ouvia com cada coisa há não cantas nada pensas que vais longe mas não vais etc. São situações destas que muitas Lady´s estão sujeitas neste movimento mas é verdade que nem todos são assim. Eu nunca precisei de me vender para obter o que quero e nunca farei, eu posso não ter condições para fazer um bom som, posso não ser conhecida mas pelo menos sou eu e não dependo de ninguém não me vendo para obter o que me convêm que fique bem claro.


* Achas que as rappers femininas estão a ganhar respeito no movimento?

Acredito que sim apesar de ainda estar pouco divulgado e haver poucas mc´s penso que as poucas que existem estão num bom caminho e aos poucos vamos conquistando o nosso lugar. É verdade que temos uma desvantagem por sermos damas e cantarmos algo que muitos rapazes cantam mas isso não e problema para nós pois somos as guerreiras do rap e aos pouco vamos ganhar o nosso lugar no top. Acredito que possa haver mais damas que queiram entrar para movimento e não tenham meios nem ninguém que as ajude como foi meu caso mas acredito que quando a força de vontade e enorme ninguém nos pára por isso Lady’s se gostam realmente disto, não desistam, não se vendam lutem apenas e demonstrem o que valem. E as que já cá estão continuem a passar mensagem como tem feito. Um one lov Ladys.


Agora falemos um pouco sobre os teus projectos. Tens algo em mente para futuro ou ate presente?

Antes de mais aproveito para referir que a menos de um ano tinha. Estava a trabalhar na minha primeira Mixtape” Retrospectivas das ruas” de facto não cheguei a trabalhar nela por motivos pessoais, por enquanto ficará em standby. Neste momento optei por trabalhar num projecto diferente no qual ainda não irei revelar agora pois esta a ser trabalhado, mas espero que apreciem pois é um grande desafio para mim no qual pretendo demonstrar o que mais gosto de fazer.
Tenho várias participações com vários mc´s de Lisboa, Leiria, Setúbal. Aguardem que brevemente estará nas ruas.

Já participaste em alguma mixtape? Se não , já pensaste em apostar numa mixtape?

De facto já participei numa mixtape chama se” Reacção Verbal” é do Mc e produtor Mile das Caldas da rainha/Massamá, sairá em breve, espero que oiçam a Mixtape pois promete, brevemente estará nas ruas.

Com que Mc´s gostarias de trabalhar? Fazer uma parceria?

Sinceramente gostaria de ter parceria com vários mc´s, com Pina G, Celso OPP, Kromo di Guetto, Valete, Eva, Lyrisista, Seth, Yanniki TDM, Costa dos Dem click boys, To. Estes são alguns nos quais gostaria de fazer uma parceria poderia mencionar mais mas não saia daqui hoje mas estes são alguns no qual pretendo trabalhar. Pois acredito que cada um destes Mc’s tem uma cena diferente e é sempre bom trabalhar cm rappers diferentes pois assim poderemos evoluir também.

Para além da musica tens outras paixões?

Tenho, para além de Mc sou B-gril, básicamente já danço desde dos 4anos, comecei no Ballet até aos 8 anos. Depois de ter entrado para grupo da escola ter experimentado o Hip Hop vi que aquela seria a minha onda. A partir dos 10 anos comecei a dançar em eventos da escola, festas, convívios no bairro. Ao longo dos anos fui experimentando vários estilos que compõem o Hip Hop: Break Dance, Newstyle, Poping, Looking, Ragga jam e house. A pouco tempo comecei a investir no tutting. Para desenvolver a minha técnica vou participando em batles destas modalidades pelo país, o meu objectivo agora é treinar para um grande evento que qualquer bailarino deseja ir a EuroBatle.
Basicamente já danço a 12 anos, neste momento estou a trabalhar com uma Lady da Bélgica no qual formamos uma dupla que se chama Diamond’Street.
Também tenho a paixão do desenho, sempre me disseram que tinha muito jeito para desenhar, recordo me que enquanto ia para casa da minha tia em Alverca passei por um túnel e vi nas paredes uns gatafunhos na altura não sabia o que era então resolvi pesquisar na Net e descobri o graffiti, durante as minhas aulas desenho na escola com as técnicas que tinha fui criando o meu primeiro graffiti, mas claro nas folhas dai não parei mais e espero um dia passa-los para uma parede. Como podem ver vivo esta cultura ao máximo em cada vertente posso libertar a angústia, stress de uma maneira mais positiva




*Que mensagem gostarias de passar para todas as rappers do movimento?

A mensagem que gostaria deixar aqui, que lutem por um lugar no Rap, trabalhem, mostrem o que valem e não liguem as bocas, dessas bocas transformem no vosso sucesso, sejam rainhas do movimento. Como já tinha dito damas que gostam de rap invistam mesmo a fundo, e que não tenham medo, não caiam nas manhas desses damos que só se querem aproveitar, acima de tudo façam Rap com amor. Lembrem se Lady’s a união faz a força.



Para estarem sempre a par das novidades da ladyR basta ficarem atentos aos seguintes links www.myspace.com/ladydirespect / http://palcoprincipal.sapo.pt/lady_respect.

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