terça-feira, 11 de agosto de 2009

Entrevista com o Rapper Malayker




MLK (aka Malayker) faz a sua apresentação a solo no rap nacional com o Ep 99 .09 através de um rap auto biográfico e de uma linguagem forte, este mc de Almada vem mostrar que o hip hop da Margem Sul continua vivo e de boa saúde.

Em poucas palavras quem é o Mlk?

Mlk um mc de Al-madan e as minhas influências, para além de MAC, são os NEXO, principalmente o Eminencia. Em poucas palavras, sou uma pessoa divertida que gosta das coisas simples da vida, viajar e conhecer pessoas.


Fala-nos um pouco do teu Ep de apresentação 99 .09

Este Ep nasceu de sons que fazia soltos, gravava na casa do TNT, alguns em minha casa. Tinha mais, mas quantidade não é qualidade, reunimos os melhores e são esses que compõem o Ep. O som Em Minha Casa é de 99, os outros fui fazendo ao longo do tempo. Por exemplo, a primeira parte de Neste Rio escrevi na Holanda, onde estive a trabalhar numa estufa. O TNT foi o principal motivador, o Mike fez a parte gráfica, o Ivan fez o vídeoclip e o Kulpado era o cabecilha por trás da cena. Quanto a participações, tenho os instrumentais do TNT, que também participa num refrão, a Carina que cantou no refrão de Adaptado e o Mask na parte do refrão Em Minha Casa. Quem misturou tudo foi o Dj Konecta, que também está a preparar uma MixTape.


Para além do MCing , no Ep mostrar o teu trabalho como produtor em 3 músicas. Qual das 2 vertentes te dá mais prazer?

É escrever e interpretar as cenas, a interpretação é uma coisa que vem com o tempo porque escrever qualquer um escreve, mas as ideias só resultam se as soubermos interpretar. Hoje em dia dá-me mais prazer cantar e estar num palco. A produção já começou na altura que comecei a fumar ganzas, com o E-Jay, em 98. Com o TNT Comecei a trabalhar no Fruity Loops, que já dava uma liberdade maior, depois com o Al-madan comecei a produzir com o Nuendo e agora estou a produzir com o Logik. Curto produzir mas é fodido...


"Num período de seca criativa e ausência de novidades no panorama musical nacional". É assim que caracterizas o estado do hip hop tuga?

Isso é uma frase do TNT, mas em termos de novidades, acho que sim. Tivemos um boom há 5 anos com esses mcs que lançaram álbum como o Valete, NBC, etc e também continuam a trabalhar, mas também fazia falta a FreeStyle porque apresenta outro pessoal e a prova é que estão comigo hoje. O pessoal tem de se mexer porque hoje é tudo mais fácil.


No vídeo clip de Vendetta mostras imagens de todas as vertentes da cultura hip hop. Para ti há uma preocupação interligar todas as vertentes na tua música?

É. Como te disse há pouco gosto de ligar as pessoas. Os 12 Makakos fizeram a parte do Breakdance, Beatbox fazemos aqui em Almada, quanto ao graff sempre tivemos ligação e como Dj temos o Kulpado que até já pegou nos pratos.


A certa altura podemos ouvir "se prós não fazem, amadores ganham tomates para o que deve ser feito ". Sentes-te forçado a fazer o trabalho que compete aos prós? Que trabalho e que prós são esses?

Tens gajos que têm a responsabilidade e baldam-se mas penso que isso tem de mudar. O hip hop é um estilo de vida em que foges da rotina, das 8h de bules, 8h para ti e 8 prara descanso. Era bom que essas pessoas fizessem mais cenas, dessem nome a mais pessoal, tens o exemplo dos Psy4, em França, que eram uns putos e hoje são uma grande banda e a primeira vez que os ouvimos foi numa MixTape só com pessoal do bairro e isso deu-lhes alta exposição.


Sendo um Ep que reúne músicas tuas num espaço de 10 anos, 99 a 2009, identificaste com todas elas da mesma maneira?

É fodido rimar estes sons hoje em dia porque já tenho outro Ep gravado em que só faltam as participações e estou a prepara outro Ep com crônicas. Este é muito pessoal, tem o espírito que tinha na altura. No som Em Minha Casa há lacunas de português, tenho linhas que agora não usaria. Nessa altura escrevia em prosa, mas da-me gozo interpreta-las agora.


No Ep fazes inúmeras referências à tua zona, Almada. Consideras-te um MC bairrista?

Sim,bastante. Nasci aqui, cresci aqui, vivi todas as experiências em Almada. Até o pessoal do Hardcore curtiu da cena e isso é muito gratificante. Almada não é só rap, aqui há uma mistura de estilos e ves isso quando sais à noite, todos têm o mesmo estilo de vida em Almada sejam punk ou rap.


Na tua música Olhos nos Olhos fazer uma referência à morte de um membro da formação original dos Al-madan, Mandoli. De que forma é que isso te marcou enquanto pessoa e Mc?

Foi com ele que comecei a rimar, o nosso 1o refrão era "a realidade é fodida e assim é a vida porque a vida é fodida" e repetiamos isto mil vezes. Nesse altura eu tinha 15 e ele 13 anos. Crescemos juntos, divergiamos muito nas opiniões, discutiamos, mas encontravamo-nos sempre, era mesmo aquele mano. Ele ia ter uma bolsa da escola, era mega inteligente, tinha sempre 4 livros na mesa de cabeceira. No último concerto dele tinha alto texto em que dizia "temos de fazer isto todos juntos porque sozinhos nunca vamos conseguir revolucionar, com ritmo e rimas vamos fazer a revolução". Ele esteve em alta e o pessoal sentiu isso.


No teu texto de apresentação no Myspace, defines-te como um mc inspirado pela "antiga escola da Margem Sul (Mafia Sulina), sendo Eminência aka Puttano e a banda Nexo". Achas que actualmente se perdeu um pouco o respeito pela old scholl?

Não sei como é que certos mcs surgiram a rimar, não sei com quem e não sei porquê. Eu e o meu pessoal sempre tivemos a humildade de levar os 'calduços' dos mais velhos e aprendemos com essa velha escola e não falo de rimas, falo da escola de vida. É essa humildade que falha... acho que deves fazer a tua cena, inovar mas respeitar sempre as raízes. Não se deve generalizar, andam aí muitos valores, mas o que se pede aos Mcs é que transmitam a sua experiência, é esse o seu trabalho.


Fala-nos um pouco dos teus projectos a solo e com oa Al-madan.

De Al-madan temos 5 faixas feitas, outras 5 encaminhadas. De mim podem esperar para breve um Ep, que já estava escrito e tenho outros sons de crónica, a falar de amigos meus que foram para fora, outros que se estão a fazer à vida cá, mas isso é só mais lá para a frente.

Mensagem final.

O people tem de se fazer à pista... que façam instrumentais e que rimem as suas cenas.


Entrevista retirada da FreeStyle Magazine


www.myspace.com/mlkaps




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