quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Rapper Emicida fala sobre a expectativa para o VMB

Aos 24 anos, o rapper Leandro Roque, o Emicida, fez barulho em 2009, desafiando a indústria fonográfica ao vender mais de seis mil cópias de sua mixtape Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida, Até Que Eu Cheguei Longe. O disco foi feito em um sistema totalmente artesanal - Leandro gravou, fez as capas e distribuiu os discos nos shows e pela internet.

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Esse barulho refletiu em três indicações no Video Music Brasil (premiação anual da MTV), nas categorias Melhor Clipe de Rap, Aposta MTV e Clipe do Ano com Triunfo. O vídeo foi dirigido por Fred Ouro Preto, com excelente fotografia de Carina Zaratin.

Emicida conversou com o Terra e falou sobre a escolha por gravar e distribuir seu disco sozinho, o cenário do rap atual e a expectativa com o VMB: "O rap ganhar esses prêmios representa muita coisa. E nesse momento eu sou o rap, estou ali representando milhares de outras pessoas."

Seu disco, Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida, Até Que Eu Cheguei Longe está sendo considerado um dos melhores discos de rap do ano. Como ele foi feito?
As letras já estavam prontas, algumas há uns 7, 8 anos. Alguns instrumentais eu também já tinha. Queria fazer a mixtape para mostrar para as pessoas que a gente está trabalhando. No final de janeiro entrei no estúdio e achei que ia ser fácil, uma semana e estava tudo resolvido. Mas não foi bem assim o que era pra acabar no final de janeiro, só acabou na segunda quinzena de abril.

O disco tem 25 músicas, preenchendo quase todo o espaço que cabe em um CD. Por que tantas faixas logo no seu primeiro lançamento?
E ainda ficaram várias de fora! A gente queria chocar a parada também. E 25 faixas não é nenhum absurdo. É que lá fora é comum, mas aqui não existe a cultura da mixtape. Os Racionais nunca lançaram uma mixtape, e eles são o maior grupo de rap do Brasil.

E por que você decidiu gravar e distribuir o teu disco "na raça", vendendo de mão em mão em shows, sem colocar em lojas, nem contar com um sistema tradicional de distribuição?
O pessoal acha que eu fiz isso como protesto contra as gravadoras. Eu só gravei e distribuí tudo por minha conta porque era a única opção que eu tinha. Se alguém tivesse chegado com uma proposta da hora eu teria assinado. Lá onde eu moro o CD já custa R$ 2 faz tempo. E lá é pior, a discografia do Queen custa R$ 2, então eu não posso vender meu CD ali a R$ 10, e eu quero meu CD ali.

E como foi feito o clipe de Triunfo?
Quando eu vi os outros trabalhos do Fred, fiquei de boca aberta. O clipe foi feito em um esquema independente também. Foram três dias de gravações na Brasilândia e na academia do Garrido (academia de boxe que fica o Viaduto do Café, no bairro da Bela Vista, centro de São Paulo). O Fred é um monstro, entende muito. Deu trabalho mas ficou do jeito que a gente queria.

De onde veio o nome Emicida?
O nome surgiu em 2004, por causa das batalhas de freestyle. Os caras ficavam numas de "Você matou o cara", "Acabou com a vida dele na rima". Aí me chamavam de assassino, homicida, então resolvi fazer essa brincadeira com o nome.

E como foi saber que você estava indicado ao VMB?
A gente esqueceu. Achamos que ia estourar, mas que seria muito mais subterrâneo. A meta era fazer todo mundo falar do CD sem usar nenhum grande veículo. Acho que se a MTV não tivesse colocado a gente nessa parada ia perder um público grande, porque a gente traz muita gente de volta. Eu vejo várias pessoas desacreditadas com o prêmio, falando que é comprado. Eu não sei se é. Só sei que nós estamos lá, no mesmo patamar de gente com muito mais tempo de carreira, muito mais público. Eu prefiro não generalizar, falar que é panela.

E para você é importante ganhar o prêmio do VMB?
É importante. O rap ganhar esses prêmios representa muita coisa. E nesse momento eu sou o rap, estou ali representando milhares de outras pessoas. Dá uma visibilidade para um outro tipo de rap. Não que o conhecido seja ruim, mas as pessoas não podem ter uma opção só.

O que você achou da decisão da banda Natiruts, que pediu para ser excluída das indicações, por afirmar que a MTV só dá espaço ao reggae uma vez por ano, na hora da premiação?
Achei louvável. Já respeitava, gosto da banda e passei a respeitar mais ainda. Mas não vou agir igual. Para muitos caras é comum estar no VMB. Para mim é a primeira vez. É claro que a MTV deve para o rap, não tem mais um programa do gênero, como já teve. Mas eu não vou ficar falando que é isso ou aquilo, prefiro chegar lá e trocar uma ideia para saber por que não passa rap na MTV.

Confira a continuação da entrevista com o rapper Emicida e assista ao videoclipe Triunfo, que concorre em três categorias no VMB 2009.

Você lançou um disco e conseguiu vender bem no boca a boca em uma época em que a indústria fonográfica afunda. Você acha que o formato do CD morreu?
Como a gente quer popularizar nosso som, acho que vender barato é uma saída. O CD não morre tão cedo, apesar de ter um preço inviável. O iPod vai morrer antes, os celulares já vem com as funções dele, mas as pessoas ainda precisam de um formato físico. Quantos porcento do Brasil têm acesso à internet? 20%? 30%? Então tem muito mais gente para alcançar ainda.

No teu disco uma coisa que se destaca são as referências diversas. Nas suas letras você usa frases de outros artistas, fala de cinema, literatura, televisão, videogames. Onde você busca esses elementos?
Antes eu não escrevia rap assim. Mas eu via caras como o Marechal, SP Funk, Black Alien, e eles tinham outras metáforas, então fui buscar outras coisas. E agente está em São Paulo, então mesmo que não queira é bombardeado por informação de todos os lados. E eu sempre gostei de ler e isso vai parar nas minhas rimas. Não entendo profundamente de nada do que eu falo, a não ser de história em quadrinhos. Se você quiser discutir sobre o Batman a gente fica 3 horas aqui, edição por edição (risos).

E o que você acha de atingir um público que não é exatamente o público que ouvia rap?
É isso que tem que acontecer. A gente faz música. Eu acredito no que eu falo, então quero falar pra todo mundo, não só pra um grupo. Eu não tenho essa parada de playboy, favela. Minha mãe trabalhava de empregada no bairro onde eu moro. Desde pequeno eu convivo com essas duas realidades e comecei a ver que são pessoas. Quem nasceu aqui não pode condenar quem nasceu na favela e vice-versa. É melhor que eles se entendam, porque se fica um com medo do outro... Falta comunicação para ver que elas são muito parecidas.

E esta divulgação da MTV aumentou o assédio de fãs? Como você lida com isso?
Na real já tinha isso. Já vinha gente tirar foto. Eu vivo em um estágio bem louco, porque não sou famoso mas também não sou desconhecido. Por exemplo, eu estou no metrô lotado e tem um cara que me reconhece, mas não acredita que eu ando de metrô, ou de ônibus. Mas a TV tem esse poder mesmo, e todo mundo acha que eu estou milionário. É bom porque agora os caras não tem mais coragem de pedir show de graça. Afinal, estou na TV! (risos).

Você já ouviu que está "se vendendo" depois que apareceu na MTV e em outros veículos?
Quando eu comecei a ouvir isso não tinha nem essa parada de televisão. Ouço que sou vendido há uns dois anos. A Nike coloca 'A Rua é Noiz' no tênis, aí fazem fórum na internet A Nike fez uma edição especial de um tênis com uma das frases de Emicida, "A Rua É Noiz" estampada na lateral do calçado). E o pior é que esses caras só falam. Se eles fossem contra o capitalismo mesmo, não estavam na frente do computador, iam para o mato.

Quando você viu que conseguiria viver só de música?
Já fui pedreiro, pintor, já vendi hot-dog, já fui assistente de estúdio, já fui artesão, trabalhei um tempo com ilustração de livros infantis, hoje eu me dou ao luxo de fazer só a minha música. Chega um momento em que a vida te pergunta qual escolha você quer fazer. Eu tinha me acostumado a fazer música por hobby, porque todo mundo fala que está ruim, que está em crise. Eu pensava "Eu não vou ser o cara sortudo que vai conseguir viver de música". Eu estava estudando design e escrevia minhas rimas. Aí as datas começaram a bater, tinha show quinta, sexta, sábado domingo, aí tive que largar as outras coisas.

Você percebe que a MTV está apostando em você, afinal um artista totalmente independente com três indicações no VMB não é tão comum...
Todo mundo quer colocar a gente nas paradas agora para falar depois que deu uma força quando eu não era nada. Só que eu já não sou nada faz tempo. Mas só agora estamos aparecendo para esses caras. Ia ser complicado a Music Television não saber que o Emicida existe. Nós temos um milhão de visualizações no Youtube. No MySpace a gente perde somente para os gringos. Fazemos show toda semana. Quem movimenta a cena é a gente, o Kamau... Então não sei se é bem uma aposta. É claro que eu gosto, agradeço os caras por este espaço, se rolarem outras coisas vamos fazer, mas eu sei que meu trabalho chegou onde já chegou não foi por causa disso.

E como estão os planos para um novo disco? Ele vai ser distribuído da mesma forma?
A gente deve entrar em estúdio no final do ano. Com tudo inédito, não tem nada que já saiu. Eu fico puto quando pego um disco e tem algo que eu já ouvi. Mesmo se vazou na internet, tira essa e coloca outra. As gravadoras estão ligando, vamos ver o que vai dar para fazer. Minha maior deficiência é na distribuição, e isso para mim é interessante. Eu quero conseguir um esquema de distribuição, mas com um preço justo, de R$ 10, que não é o ideal, mas o máximo.

Você vai ser pai pela primeira vez a primeira filha do rapper nasce em fevereiro. O que isso muda na tua vida e na tua carreira?
Muda tudo. Eu estou achando bem tranquilo, se fosse em outra fase da minha vida eu ia estar bem desesperado. Mas estou em paz, estou conseguindo administrar. Queria poder curtir mais a gravidez, mas por contas das viagens não consigo estar perto dela o tempo todo.

Mas vou manter o ritmo. Trabalho com algo que eu gosto, então não vai ser algo difícil. Acho que na só acrescenta, é uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida e vai mudar como eu vou ver as coisas. Então devem sair uns raps sobre trocar fralda (risos).

Emicida se apresenta neste sábado na Funhouse, durante festa do site Urbanaque, a partir das 23h. Os ingressos custam de R$ 5 a R$ 15.
By Terra.

Video Triunfo


Entrevista com Thaíde, Um dos Melhores Mcs Brasileiros



Para Altair Gonçalves tudo começou na estação São Bento, dançando break, no início dos anos 80, quando fundou a Back Spin uma das primeiras equipes de dança da cultura Hip Hop do País. De b-boy o jovem passou para o microfone, do microfone para a televisão, da tv para o cinema, e hoje você o encontra até em curtas de animação. Sempre com rimas positivas e a humildade acima de tudo, Thaíde parece não ter limites e mantém atual um dos seus mais antigos versos:

"eu sou assim mesmo e nada pode me parar

*Texto por Marko Panayotis e João Pejan/ Video de Renato Góes


Em um rolê pela madrugada de São Paulo Thaíde trocou uma idéia com a FIRMA.


FIRMA: Na revista “FIRMA” temos histórias em quadrinhos, normalmente há um herói. O Peter Parker tomou uma picada de aranha e virou o Spiderman, o Bruce Wayne se transforma no morcego Batman. Como e quando o Altair Gonçalves virou Thaíde?


Thaíde: Quando ele começou a encarar a realidade de frente, a ver que o problema não era só dele, o problema não era só no bairro dele, ele começou a conhecer outros bairros, outras pessoas com o mesmo problema. Viu que onde ele podia chegar era limite imposto por alguém, que até hoje ele não sabe quem é, talvez fosse ele mesmo. Desde então ele começou a ultrapassar limites, da esquina foi até a praça, da praça até a outra rua, da outra rua até o outro bairro, foi chegando até o Centro da cidade e hoje está no País inteiro.


FIRMA: Você está produzindo e disponibilizando suas músicas na internet, como você vê a invasão do mp3? Você acha que essa é uma solução?


Thaíde: Eu acho que a música tinha que ser como água. A água também deveria ser de graça, mas alguém teve a idéia de engarrafar. A música também deveria ser de graça, mas alguém teve a idéia de vender, entendeu?Em um momento as pessoas estavam pagando muito caro por uma música, hoje não, você pode fazer um cd só com os sons que você gosta, não é mais obrigado a pagar 30 reais em um cd. As pessoas vão dizer que isso é apologia à pirataria, não é apologia, e se for também não estou me importando. Você debate com alguém sobre pirataria e vê na tv um comercial de reprodutor de cd que é vendido em qualquer loja de eletro-eletrônico, sua luta está sendo em vão.

As grandes gravadoras e multinacionais investiram muito nos seus artistas para ter lucro, para isso, colocavam o preço do cd lá em cima, e muitas pessoas que não tinham acesso compravam uma fitinha cassete e faziam cópias. Hoje isso acabou, não tem mais o monopólio das grandes gravadoras e para o artista de verdade é muito bom, portanto eu prefiro fazer música e jogar na Internet, ter essa independência musical é sem duvida nenhuma uma maravilha.Eu não vivo do dinheiro de venda de disco eu vivo de show, vivo do contato direto com o público, vivo do meu trabalho.


FIRMA: Como você acha que o rap nacional está se adequando à essa realidade da divulgação pela internet, sem gravadora?

Thaíde: O rap, assim como outros estilos musicais, não são bem vistos por algumas gravadoras no Brasil. Dessa forma, a internet veio como dizem os mais velhos “uma mão na roda”, pois se você tem uma idéia na cabeça, põe ela no computador, queima um cd e divulga pra todo mundo. Coloca no site, no MySpace e de qualquer parte do mundo a pessoa pode ouvir o som. O talento não depende da quantidade de dinheiro que a pessoa tem. Eu conheço gente que tem muito dinheiro e não tem talento, e conheço gente que não tem uma moeda no bolso e tem talento de sobra. Acabou esse papo de que tem que ter uma gravadora, acho que essa época já era.


FIRMA: A música Revolução diz “Você já enfrentou o sistema hoje?” Pra você, como é enfrentar o sistema?

Thaíde: A gente passou muito tempo querendo que as coisas fossem do nosso jeito, e a vida não é do jeito que a gente quer, ela é do jeito que é e pronto. Temos que ter certas estratégias pra lutar contra o sistema, pois quando falamos contra o sistema, acabamos até nos contradizendo um pouco, pois uma hora ou outra você se vê nas mãos dele, fazendo coisas que até então você combate.


FIRMA: Isso quer dizer que temos que jogar o jogo?

Thaíde: Não sei se tem que jogar o jogo, mas se você está na rua tem que enfrentar tudo que vem pela frente. Já foi a época de matar um leão por dia, hoje a maioria das pessoas enfrentam um zoológico por dia e nem percebem. Existem maneiras e maneiras, o sistema está em todo lugar, no tênis, na roupa, na comida, tudo que envolve dinheiro tem sistema no meio. E a gente trabalha pra ganhar dinheiro, gasta o dinheiro do jeito mais adequado, e tudo isso faz parte do sistema.

Eles dão um pouco e você fica contente, isso é errado, acho que tem que ficar contente sim, e saber que aquilo ali é o mínimo que ele nos devem. Nós fazemos parte desse jogo, somos peões de um grande tabuleiro de xadrez, mas graças a Deus o rei é limitado, só come a rainha e pronto (risos). E mesmo assim é outro que come a rainha, e ele se fode (risos).


FIRMA: Você está trabalhando atualmente com uma galera mais nova, de uma outra geração, o que isso acrescenta na sua vida e na música?

Thaíde: Todo mundo tem uma visão diferente. A minha idéia de conviver com pessoas mais jovens serve para eu também me manter jovem, para me manter na ativa, atualizado, pois tem gente com a minha idade (40 anos) e está cansada de muita coisa, encosta-se em um lugar pra descansar e não sai mais. Eu estou cansado sim, de muita coisa, mas não vou me encostar em algum lugar para não sair mais. Quero sair por aí, quero conhecer pessoas, conhecer coisas e saber o que está acontecendo. Quero permanecer sempre jovem.


FIRMA: Quais os sons que você está escutando atualmente ?


Thaíde: Atualmente estou ouvindoJackson do Pandeiro, Fernando Mendes, porque são pessoas que vieram muito antes de mim quando o mercado fonográfico brasileiro funcionava e o artista tinha que cantar de verdade. Tem um cara chamado Damião Experiença (risos), do Rio de Janeiro, que é louco de tudo, é interessante, pois quando me deparo com coisas bem feitas é melhor ainda, porque aprendo mais, independente do ritmo.


FIRMA: Você tem muito vinil?

Thaíde: Eu sou colecionador, gosto muito. Das músicas mais estranhas até as mais simples. Tenho muito vinil, só vinil podre, não tenho vinilzinho bonitinho (são poucos), a maioria está com as capas comidas por traça, embolorado, mas são os meus vinis. Não ponha as mãos neles (risos).


FIRMA: A revista Caros Amigos lançou duas edições especiais sobre Hip Hop, nas duas muitas pessoas se dizem influenciadas pela sua música. Como você lida com isso?

Thaíde: Acho que todo mundo nasce para alguma coisa, ninguém nasce só para dor de parto da mãe. Eu sempre falei pra molecada estudar, pois não estudei, dei uma sorte muito grande na vida, fui escolhido para fazer alguma coisa que gosto. Isso não quer dizer que todo mundo vai ter a mesma sorte que eu, por isso é importante estudar, pra ser melhor. Não tenho a pretensão de ser reconhecido como qualquer coisa além do que sou. Por isso o meu recente trabalho chama-se “Thaíde Apenas”, pois não quero ser mais e nem menos que isso. Só tenho que agradecer a presença de Deus, pois tudo tem acontecido de maneira positiva na minha vida.


FIRMA: Como foi cantar junto com Afrika Bambaata?

Thaíde: Tive esse prazer no festival Du Loco. Um festival que mostrou como eu ainda estou na ativa, pois sabia que iria acontecer, mas não estava envolvido diretamente nas atividades. Quando cheguei, vi que teria batalha de b.boys, batalha de mc’s, show do Afrika Bambaata e Grandmaster Flash. Acabei participando de tudo. Fui mediador das batalhas de mc’s, assisti as batalhas de b.boys, conheci os graffiteiros, dancei no palco, e rimei de improviso com o Afrika Bambaata e Soul Sonic Force.


FIRMA: Você sempre defendeu a profissionalização do rap nacional. Como acha que está a situação hoje?

Thaíde: Acho que está acontecendo de forma lenta, porém precisa. Tem muita gente inexperiente que está aprendendo com quem é mais experiente e vice-versa. Tem que perder o medo de conversar, existe um receio muito grande de um falar com o outro, de um ajudar o outro, mas um dia todo mundo vai embora, então porque vou guardar informação, seria egoísmo e idiotice. Acredito que a molecada de hoje está lendo mais, acessando a internet, buscando informações, e se profissionalizando. Tem muita gente cantando, fazendo passos de dança, e precisamos desse entretenimento urbano em todo o País, com todos os ritmos e estilos.


FIRMA: E como está a questão da união no rap?

Thaíde: Está melhorando a cada dia. Algumas pessoas tropeçaram na esquina e viram o erro que cometeram

Kid Mc O Velório ( Resposta a Dji Tafinha)

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Depois dos "Relatórios" lançados por Dji Tafinha, KID MC responde com liricismo em "O Velório":

Se curtiste faz download

KID MC - "O Velório" (Diss ao Dji Tafinha).mp3

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Especial Força Suprema

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NGA

NGA
VS MADKUTZ
é a ligação entre a Linha de Sintra e a Margem Sul que tem como banda sonora - 14 temas com várias sonoridades. NGA é um artista com um vasto historial discográfico, especialmente no formato mixtape e é considerado o MC revelação de 2008/2009 onde entrou em álbuns como "Royalistick - Portfólio"; "Regula - Lisa Chu: Kara Davis Vol.2"; "Mixtape Incendiários"; "Raptor - Pontos nos II's", entre outros projectos. Madkutz (ex-DJ do Chullage/Madkutz TV) é o cientista por detrás dos instrumentais, tendo já produzido para artistas como: Pacman (Da Weasel), Royalistick, Nigga Poison, Tekilla, Lancelot, Flow212, entre outros. Uma luta que promete dar que falar.

Download o primeiro Single da Mix

Dammmm!! Tá Demais!!

Faz Já O Download Do Primeiro Single Da Mix Tape "Nga Vs Mad Kutz",Com A Participação Do Tyro,E Claro,Mais Uma "Super" Produção Do "Bruxo" Kutzzzzzzzzzzzz!! Mad Kutz E Nga.......................É Karga!!

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Encomenda já a tua Mix em
www.forcasuprema4life.blogspot.com


Preview da MixTape

NGA VS MADKUTZ - MIXTAPE PREVIEW



DON G

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Depois Do Sucesso Do Single "Fingidas",O Boss Da Mad Rap Volta Com Mais Karga,Mais Música,E Uma "Onda" Diferente.Nova Vibe É O Primeiro Single Da Re-Edição Do Albúm Um Passo A Frente,E Conta Com A Presença Do Puto Prata,E Produção Do Dj Pausas.

Faz O Download E Curte A Cena!!

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Mais Um Super Vídeo Do Boss Da Mad Rap Records.Enquanto Não Chega As Ruas A Re-Edição Do Album "Um Passo A Frente",Don.G Poe A Girar O Novo Vídeo Para Todos Adeptos Da Nossa Música!!



MASTA


Eddie Pipocas Entrevista Masta: Faz O Download Da Entrevista!!!


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VÍDEO DESENRRASCAR OU MORRER



Novo Artista RnB T.Sil e Seu àlbum Coisas da Vida


Thino Silvesthe (T.Sil ) musico de estilo R&b/Pop nasceu no Dia 10 de Abril de 1985 em Luanda (Angola). Na época quando era mais jovem entre os seus 12/13 anos de idade já sonhava ser artista/músico, porque já nesta idade ele interpretava musicas (playback) em escolas, quando havia eventos.

De família crente (católica) T.Sil participava no grupo coral da igreja e aos seus 14/15 anos de idade formou-se um grupo de rap composto por 4 elementos de nome Signo, em Luanda e alguns meses depois os seus pais decidiram envia-lo para o estrangeiro (França) para a continuação dos seus estudos pelo caminho de ser desenhador de planos e edifícios.

Aí calhou numa escola, que para além das suas aulas oficiais, tinha aulas de musica. T.Sil refugiava-se mais nas aulas de musica, porque era o seu maior sonho: ser musico.Foi progredindo e aos seus 18 anos começou a escrever as suas próprias musicas baseando-se nos factos reais do quotidiano e adimirando o musico Americano BRIAN MCKNITGH, um dos seus ídolos.

Ele teve uma infância difícil, porque carregava o seu fardo fora ajuda dos seus pais, num pais completamente desconhecido e com uma nova língua, era tudo novo p'ra ele, mas foi acostumando-se e entregou-se na comunidade onde vivia. Hoje tem o seu primeiro trabalho dicografico intitulado Coisas da Vida, produzido pela casa de disco T.P.Y Productios

Site Oficial

http://www.sitetsil.webself.net/saber_mais_sobre_mim.ws



terça-feira, 29 de setembro de 2009

U-Time "Sangue Jovem do 'Gangsta'Brasileiro"



Sobre U-TIME

álbum de estréia do grupo UTIME é lançamento da gravadora Cosa Nostra do Racionais MC´s e conta com produções de Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock, DJ Cia e Hélião. “Trutas e Quebradas” tem participações de Mr. Catra, Negra Li, Hélião, Ice Blue & Edy Rock, Silveira,Jackson,entre outros. Com produção elaborada, levadas criativas e temas que variam entre relacionamentos, mulheres e o cotidiano da periferia paulista, UTIME já faz sucesso nas rádios 105FM e Transcontinental. Dom Pixote, integrante do grupo, conheceu o Racionais juntamente com o Sabotage e o RZO, durante um dos ensaios da Escola de Samba Vai-Vai. “Neste dia o Brown me disse que o Rap estava precisando de gente como eu, que eu deveria voltar a rimar”. O MC, que não escrevia desde a adolescência, quando fazia parte do Pivet´s DMC, na zona oeste de São Paulo, passou a frequentar a lage da casa do Hélião e a participar de shows do RZO. Durante esta parceria, Pixote conheceu os outros integrantes do grupo – Calado, Nego Vando e DJ Ajamu – o que também lhe rendeu um convite do DJ Cia para a gravação de seu primeiro trabalho. Com influências de Cassiano, Marvin Gaye, Tim Maia e James Brown,Jorge Ben,além de clássicos do rap como Wu Tang Clan e N.W.A., UTIME representa a nova geração da música negra brasileira. Absorveu a influência do Soul, Funk, MPB,R&B e Hip Hop e transformou seu som em uma nova referência para a música contemporânea produzida no país. UTIME é a confirmação de que o Rap Nacional tem talento para produzir sucessos. O som “A idéia” já toca nas noites de black music e é adorado pelo público feminino, já que sua letra aborda o relacionamento entre homem e mulher. UTIME desenvolveu uma nova abordagem nas rimas e trabalha para a construção efetiva do cenário Hip Hop brasileiro. Contact: 55 - 11 9187 8560


Videos

U Time - Inimigo é de Graça (Sessões MTV)




U-Time - Chega Com os Irmãos (Sessões MTV)





U-Time na Vila Fundão






U Time - Trutas e Quebradas

http://www.ericathais.blogger.com.br/blogutime.JPG

Musicas:

01 - Introdução
02 - Oitenta e dois
03 - Chega Com Os Irmãos
04 - Inimigo é de graça
05 - Interludi
06 - The Flash
07 - Tudo de bom
08 - Você vai ver
09 - Time gangstar
10 - Interludi – Black Blue
11 - Isso é favela
12 - A Idéia
13 - Tudo por nois
14 - Interludi
15 - Não dorme
16 - U Time

Tamanho: 68 Mb
Hospedagem: Rapidshare
Download: Aqui




MV Bill - Estilo Vagabundo

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFF-4fja5J3IKs0cFhsH3Sj3fXcqYFzIwtq7oyu71eTKQJdH5KamMk1Z__eKqDlGpJxcmQOp378aRPqa4L1yOBoPS0Wx-wuHBYjYCC_eIvoQLzyX1iiKPygChlIIxbwe_gI1Hyj9jyORKW/s320/302983_mv_bill_musica_242_239.jpg



Video do Mv Bill musica tirado do album Traficando Informação

Negro em Foco - Revista Raça Brasil - 13 anos!

Mais um aniversário!
Parabéns à Raça Brasil! Com muita história para contar, apesar dos jovens 13 anos, a revista conduz e registra conquistas e transformações da sociedade negra brasileira, sem perder nenhum detalhe

por oswaldo faustino

Imagine esta cena, no metrô paulistano: uma senhora negra, de cabelos trançados, sentada num banco do fundo do vagão, lê muito atenta uma revista, em cuja capa se vê Isabel Filardis e João Gomes. Uma jovem, com cabelo black power, entra no vagão e fica em pé, altiva, segurando firme a mesma revista em frente ao peito. Na outra ponta, um mestiço claro, de dread look, não disfarça a satisfação de exibir o exemplar que traz à mão. Isto não é ficção. Aconteceu, em setembro de 1996, no dia seguinte ao lançamento de RAÇA BRASIL, cuja tiragem de 280 mil exemplares se esgotou em pouco tempo. Um fenômeno editorial.

"O padrão de beleza no Brasil antes da revista era importado , não existia espaço na mídia para os negros "
Zezé Motta, em entrevista na edição 126

Engana-se, porém, quem pensa que a revista foi a primeira publicação brasileira com a temática afro. Desde os jornais abolicionistas, do século 19, aos publicados no início do século passado por históricos militantes de nossas comunidades, é impressionante a quantidade de veículos de comunicação da chamada "imprensa negra", que se desenvolveu Brasil afora. Mas o fenômeno ocorrido em setembro de 1996 mudou o foco da história de nossas publicações.

Seu lançamento foi pautado numa pesquisa realizada pela agência Grottera (hoje TBWA) que apontava uma significativa e crescente classe média negra brasileira, com alto poder de consumo, ignorado tanto pelos fabricantes de produtos quanto pelas agências de publicidade. Por outro lado, verificavam-se na maioria da população negra, além das dificuldades econômicas e da má qualidade de vida, muito preconceito e discriminação, baixa autoestima, carência de identidade e referências, ausência de boas oportunidades profissionais, entre outros fatos.

Com o slogan "Revista do negro brasileiro", em seus primeiros anos a revista objetivava tornar-se uma grande vitrine para estimular a elevação da autoestima dessa maioria invisível. Em pouco tempo, se constatava que ela tinha se tornado a segunda revista, no País, compartilhada por mais pessoas, com 16 leitores por exemplar, só suplantada pela semanal Veja.

Mudanças , para melhor!

Mesmo longe de se tornar a democracia racial apregoada por Gilberto Freyre, em sua obra maior, Casa-Grande & Senzala, na década de 1930, hoje, muitos negros têm superado os obstáculos que os impediam de conquistar status, antes exclusivos de brancos das "famílias tradicionais".

É óbvio que as crises atingem a todos e sabemos que, nessas horas, a população afro-brasileira é a primeira a ser alijada de suas conquistas. Mas a chamada "classe média negra", já ultrapassa os 15% da população, segundo pesquisa do IBGE. Desde a última década do século 20, o número de chefes de família negros que ganham mais de cinco salários mínimos praticamente dobrou.

Já nos primeiros anos deste século, falava-se que a parcela dos 20% de brasileiros mais ricos era formada por 80% de brancos, mas que os negros já quase atingiam 19%. E, apesar da luta constante dos sempre privilegiados e de vários meios de comunicação apregoando contra as ações afirmativas e, em especial, contra as cotas em universidades, o número de estudantes negros que chegam aos cursos superiores dobrou em relação às três últimas décadas do século passado.


Críticas e conquistas

Quanto à RAÇA BRASIL, nestes 13 anos de existência, muitas expectativas foram criadas. Algumas satisfeitas, outras frustradas. Um número grande de leitores fiéis se formou, ao mesmo tempo em que se acumularam críticas tanto fora quanto dentro da comunidade negra. No início, houve até processos na Justiça de pessoas e entidades que viram a revista como um produto racista.

Por outro lado, não era pequeno o grupo de militantes do movimento negro que a criticava por não tratar com mais veemência e até com certa agressividade temas como racismo, discriminação e preconceito. Professor de Jornalismo da Escola de Comunicação e Artes, da Universidade de São Paulo (ECA/USP), Dennis de Oliveira afirma que o surgimento da revista foi uma vitória da luta da população negra por visibilidade. "Durante muito tempo, o movimento social de negros lutou para desmascarar o mito da democracia racial e, fundamentalmente, para acabar com a segregação invisível, que reservava aos negros apenas os lugares subalternos e os espaços lúdicos".

Indagado sobre o papel que a revista tem cumprido na história negra brasileira contemporânea, o professor explica que ela marca o reconhecimento no mercado editorial da existência da população negra no Brasil, após muita luta, e constata uma mudança de comportamento do mercado, estimulada pela pesquisa do Instituto Grottera.

"A pesquisa mostrou existir um potencial consumidor de negros e o crescimento da luta do povo negro que fez surgir no cenário público várias lideranças, que afirmavam sua identidade negra. Isto forçou o mercado editorial a flexibilizar esta posição", diz Dennis de Oliveira, que acompanhou a revista ao longo desses 13 anos, período em que constata uma evolução social e política do povo afro-brasileiro.

Para ele, a revista é um produto disso. "Eu não diria que ela é a protagonista, quem construiu isto foi a própria luta da população negra. E hoje já se discutem no cenário político medidas de combate ao racismo e este debate chegou até às telenovelas.

Assim, deixou de ser uma discussão de um pequeno grupo de militantes. Boa parte da população negra enxerga a necessidade de lutar contra o racismo sistêmico e a busca da autoestima está inserida nesta agenda. Daí a revista ter superado esta dicotomia, no meu entender falsa, entre autoestima e militância", conclui

Modelos e publicidade

A beleza e a autoestima da raça negra estiveram em nossas páginas desde o início e, de certa forma, era isso que se esperava dela. Para Aroldo Macedo, ex- modelo que preparava negros e negras para o mercado, o mínimo que se esperava era que a RAÇA influenciasse nesse setor e também no meio publicitário para o qual os afro-brasileiros não eram considerados consumidores.

Juliana Monteiro, da Elite, confirma isso. "Essa mudança realmente ocorreu. Temos aproximadamente 15 modelos negros em nosso casting. Não se trata de uma cota. Houve um crescimento no número de clientes que solicitam esses modelos e manequins e o mercado ainda tem muito a crescer", afirma. Uma aposta certa foi a do empresário Helder Dias, dono da HDA Models que, há nove anos, transita com sucesso no mercado publicitário e da moda, apostando exclusivamente em profissionais negros. Hoje, seu reconhecimento é em nível internacional e, segundo afirmou, a revista contribuiu muito para isso.

"Boa parte da população negra enxerga a necessidade de lutar contra o racismo sistêmico e a busca dA autoestima está inserida nesta agenda "
Dennis de Oliveira, professor de jornalismo da ECA/USP

"A RAÇA teve a miss ão de não só di zer que o negro é lindo, mas que é livre para fa zer o que bem entender de si"
Milton Gonçalves, ator e capa da edição 126

O poder do negro

O ator Milton Gonçalves não é tão otimista quanto aos que trabalham no mercado de moda. "Continuo tendo a sensação de que a gente tem uma praga ou maldição, pois não damos um passo à frente.

Por mais que façamos, temos de estar sempre pedindo licença. Continuo afirmando que somos a metade da população e agimos como se fossemos apenas 1%". Estrela da nossa capa de setembro de 2008 ("Eu Sou um Brasileiro Negro", edição 126) e militante dos bons, ele afirma que a revista teve a missão de não só dizer que "negro é lindo", mas de que é livre para fazer o que bem entender de si próprio.

"Até fritar o cabelo, se quiser, ou frisá-lo, usar dread look ou raspar a cabeça. Mais que uma estética, privilegiou a liberdade. E a gente tem de exigir o melhor para nós mesmos, a elegância, juntar a beleza interior com a exterior", comenta. O ator, um dos mais influentes do Brasil, faz questão de mostrar a importância do negro na sociedade brasileira, com cerca de 90 milhões de afrodescendentes.

Seu sonho é um reavivamento do sentido de clã. "Se 10 milhões de negras resolvessem, por exemplo, sabotar a compra de um sabão que elas consomem, mas cuja publicidade não utiliza negros, ou escrevessem à direção das empresas, editoras e agências por se sentirem ausentes nas publicações, em espetáculo, no carnaval, enfim, em tudo o que é realizado, a história seria diferente. Por que comprar o produto que nos rejeita? Por que assistir a um espetáculo que nos trata como inferiores?", finaliza

Longa caminhada

Claro que ainda há muito a se fazer para uma maior valorização da raça negra, principalmente mudar as cabeças viciadas pelos preconceitos e racismo à brasileira que resultam em atitudes discriminatórias em vários aspectos. O advogado Hédio Silva, que foi secretário de Estado da Justiça, em São Paulo, comenta que geralmente causa estranheza um negro ocupar um cargo dessa envergadura num governo.

Quando ele chegava a algum evento ou órgão público e não era conhecido, pessoas se dirigiam a seu motorista dizendo: "Seja bemvindo, secretário!". Simplesmente porque o motorista era branco. Estamos festejando a chegada da revista RAÇA à adolescência, mas recomendamos aos mais otimistas que guardem os fogos para alguma ocasião futura mais propícia. Afinal, para os afro-brasileiros, o País pode ter melhorado nestes 13 anos, "pero no mucho". Mas a gente jamais vai desistir

Da esquerda para a direita: o vocalista Anderson Sá (AfroReggae), a atriz Léa Garcia, a leitora Maria Paula e o cantor Wilson Simoninha. Gente bonita, de sucesso e de talento nas páginas da revista


por oswaldo faustino
Nos anos 2000, os sinais de LIBERDADE (e a necessidade de se avançar mais alguns passos)

2001 Lei de cotas no Rio de Janeiro estabelece que 40% das vagas devem ser destinadas a negros nas universidades públicas

2002 O "gueto" invade a TV: Netinho de Paula lança o primeiro seriado negro brasileiro, na Rede Record

2003 Ministérios negros: com a vitória de Lula, diversos ministros negros surgem. Com destaque para a consolidação do Ministério da Igualdade Racial e para a presença de Gilberto Gil na pasta da Cultura

2004 Taís Araújo surge como a primeira protagonista negra de uma novela da Globo: "Um degrau importante para o fim do preconceito

2005 Relator da ONUNU, Doudou Diène, diz que preconceito aumentou (inclusive no Brasil). Negros eram 40% da população brasileira e hoje já somam mais da metade do contingente nacional

2006/2007 Raça Brasil reafirma seu papel militante, sem deixar de enaltecer a auto-estima dos afrodescendentes

2008 Edição histórica: eleições presidenciais americanas e a vitória de Barack Obama

By Revista raça Brasil

Kromo Di Ghetto - Este é o Meu Ministério Download Já !!

JÁ ESTÁ NAS RUAS A MIXTAPE ESTE É O MEU MINISTÉRIO, DO RAPPER KROMO DI GHETTO. SACA JÁ E CURTE BOM RAP !!


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Lívia Cruz: a ousadia de quem sabe o que quer

Nascida em 11 de outubro de 1985, na cidade de Recife (PE), Lívia Fontoura Silva Cruz, conhecida no Rap como Lívia Cruz, iniciou sua experiência musical com 14 anos de idade, quando começou a compor seus primeiros versos e rimas, passando a integrar um grupo de Rap de sua localidade. Em sua adolescência, se mudou para o Rio de Janeiro em busca de profissão, onde teve contato com o coletivo Brutal Crew e gravou a sua primeira música, “Viúva Rainha”, produzida por DJ Babão. Sua primeira faixa rendeu indicações ao prêmio Hutuz em 2003, além de ser indicada em 2007, com a faixa "Mel e Dendê". Lívia concorre na premiação Hutuz, na categoria Demo Feminina do Século. Atualmente trabalha em seu primeiro disco oficial, ainda sem título. A cantora já participou de projetos com grandes produtores e grupos da cena. A seguir, confira algumas idéias de Lívia Cruz, artista que é destaque na mixtape "Rotação 33", do DJ KLjay.

Central Hip-Hop: Nos fale sobre seus projetos atuais e futuros. No que está focada neste momento?
Lívia Cruz:
Agora estamos na reta final da produção do disco, são milhões de detalhes, vai muito além da composição, letra, gravação, voz. Por ser o primeiro, estou surpresa com a complexidade do negócio, mas estou aprendendo e curtindo o processo. O disco é uma parceria minha com o produtor Ariel Haller, nos conhecemos durante as gravações do Viela 17, no ano passado, começamos a trabalhar juntos, e a identificação foi imediata, nesse período de um ano criamos uma sintonia e o trabalho fluiu. O Ariel está pra lançar uma coletânea só com vocais femininos, gente da pesada como Indiana Nomma e Ellen Oléria, mulheres de varias partes do Brasil participarão, eu to junto, acho esse disco uma iniciativa muito maneira, de trabalhar com foco na mulher, na sua sensibilidade e na sua força, as faixas estão lindas! Além dos meus projetos, sempre recebo convites pra participações, faço com a maior satisfação, é uma forma de transitar e conhecer outros universos. Agora, em especial, estou na expectativa da Coletânea da “SALLVE”, de uma grife de Curitiba, que está sendo produzida pelo Nave e já está fazendo barulho por aí. Por hora é o que eu posso adiantar.

CHH: Como foi participar do projeto “Rotação 33” do DJ KL Jay, um dos mais conceituados do Brasil?
Lívia Cruz: Eu considero como um marco na minha trajetória musical, antes e depois do Rotação 33. Encontrei com o Kleber na Lapa, no começo de 2006, quando eu tava divulgando meu CD Demo, no Rio de Janeiro, um tempo depois, ele entrou em contato comigo, dizendo que curtiu minhas musicas, e me convidou pro projeto, claro que eu confirmei presença imediatamente. Meses depois, fui com o Aori gravar uma faixa em Sampa, achei que tava pronta, fiquei ensaiando no ônibus pra chegar ao estúdio afiada e, no momento da gravação, vi que faltavam alguns versos pra ficar certinho no tempo da música, escrevi o que faltava lá mesmo na hora, foi um desafio, por tudo que estava envolvido, mas acabou sendo mais um tempero, fiquei muito feliz com o resultado. Já em 2007, o Kleber me ligou pra comunicar o lançamento do CD/DVD que foi no SESC Pompéia, na época eu tinha acabado de dar à luz minha filha, e achei que não poderia participar, ele fez questão da minha presença, e me deu toda estrutura pra que eu pudesse ir com ela. Eu fui, e foi lindo, o teatro cheio, tinha gente na platéia que já sabia as letras, foi emocionante, o filme foi exibido lá mesmo antes do show, as imagens ficaram muito maneiras, captadas e editadas pelos caras da TREZE produções. No Rotação 33, tive oportunidade de conhecer pessoas sérias, focadas, eu aprendi com eles a encarar o Rap como profissão, mudou minha visão completamente, ali eu me reconheci e fui reconhecida, sou muito grata ao Kljay e aos Mestres de Cerimônia, Aori, Max BO, De Leve, Gaspar, Indião, Phantom, Flora, Fator, Parteum, Kamau. Fiz amigos nesse trabalho, isso é muita riqueza inesquecível!

CHH: O que você acha que falta no Rap brasileiro atualmente?
Lívia Cruz: O que falta ou o que sobra? Essas duas perguntas são difíceis, e se elas não viessem pra mim, dificilmente eu tocaria no assunto. Acho que ta sobrando gente que acha que é fácil, rimar, produzir uma música, manter uma festa, promover um show, essas pessoas acham que é só por uma roupinha maneira, encher o vocabulário de gíria bater no peito e dizer que “é O RAP”. Está sobrando gente que a acha que copiar o outro vai dar resultado, está sobrando cara que propõe trabalho em troca de sexo, está sobrando mina que aceita. Olha, não sei se serve de consolo, mas eu acredito que essa sobra não é uma exclusividade do Rap, acho que em todos os estilos musicais, em todas as carreiras, tem os honestos e tem os que vem só por status, fama, e sei lá mais quantos motivos que não sejam o trabalho em si, essa gente incomoda, e especialmente no Rap brasileiro, tão autodidata e tão pouco reconhecido, essa gente atrasa, mas falei ali no começo que seria difícil me ver falar disso, por que prefiro focar no trabalho antes de pensar nessas coisas. Pro meu trabalho acontecer da forma que deve ser, falta muita coisa. Falta respeito, inclusive das pessoas que também trampam no Rap, falta pra maioria de nós, falta reconhecermos nossa carreira, viver isso, acordar cedo, ter disciplina, ralar de verdade, falta grana, saber usar essa grana, falta tanta coisa. É isso, lutamos com as armas que temos nas batalhas que escolhemos.

CHH: Você acha que ainda existe machismo e preconceito no Rap?
Lívia Cruz: Existe sim, muita coisa mudou, mas a gente ainda sente uma discriminação, vivemos numa sociedade machista, sentimos isso em todo lugar, não é uma exclusividade do Rap. Na verdade, a expectativa dentro do Rap, do Hip-Hop em geral, era de que esse preconceito não existisse, ou fosse menor, por ser uma proposta revolucionária, contrária aos conceitos estabelecidos pela sociedade, mas não é assim que vem acontecendo na pratica, aí caímos naquela velha discussão de que “é a arte que influencia o comportamento ou comportamento influencia a arte, mas essa discussão é sem fim, por que as duas coisas acontecem. Hoje eu me sinto confortável onde estou, fui recebida pela porta da frente numa casa construída com muito esforço e coragem. Dina di, Nega gizza, Lady Cris, Rubia, Negra Li, são algumas dessas mulheres que conduziram essa historia muito bem, tenho muito orgulho de fazer parte disso.

CHH: Fale um pouco sobre seu primeiro disco solo. O que vem por aí?
Lívia Cruz: O que vem por aí é bem ousado, um passeio no universo feminino em seus extremos, é polêmico, sexy, bem minha cara e de muitas minas, as faixas estão bem ricas, além dos samples contamos com a presença de instrumentos musicas, um diferencial nos discos de Rap Nacional.

As musicas são em sua maioria assinadas por mim e pelo Ariel, mas o disco vai vir com varias participações, nas produções e nos vocais. Don L, Angel Duarte, Japão, De Leve, Dario, Nave, são alguns nomes confirmados. Lançaremos um novo single nas próximas semanas.

CHH: O que costuma abordar em suas letras? O que costuma ouvir, e o que te influência em suas composições?
Lívia Cruz: Eu escrevo sobre os sentimentos, tento questionar mais do que trazer respostas. Não escolhi uma linha, uma única bandeira, vai do momento, vem muitas vezes do que um instrumental me fez pensar, uma imagem, um desejo, uma pessoa nova que eu conheci e mudou meu dia. Gosto de falar de amor por si só, e além do romance, percebo que anda faltando isso no cotidiano das pessoas, falta gentileza, consideração, autoestima, as pessoas andam muito mais preocupadas em ter do que ser, eu vejo as pessoas muito solitárias, me sinto assim também, quando escrevo dou forma as coisas em que acredito, nas linhas, nos contrastes, nas letras eu idealizo, me fortaleço, daí não me sinto mais só.

Eu gosto das vozes femininas, Marisa monte, Ellen Oleria, Céu, Erikah Badu, Jill Scott, Sade, Alcione, Keyshia Cole e por ai vai... Minhas seleções variam muito, tem reggae, samba, house, funk, curto a música que me emociona e embala, não importa muito o gênero, adoro sair pra dançar, nessas ocasiões sou mais do batidão, e em casa mais das baladinhas românticas, sou fã do Belo, pra mim é um dos melhores cantores do Brasil.

No Rap, eu procuro sempre me atualizar das novidades, é raro eu comprar um disco, mas tenho os do Emicida, Kamau, DVD do GOG, do MV Bill, mas a maioria eu ouço mesmo nos Myspace, ou baixo na internet. Aqui em Brasília os caras tem um jeito único de fazer Rap, quando você ouve já se liga, eu adoro, acho muito swingado, Tati Beladona, Lil chic, Don Gerson, Viela 17, as produções do Duck Jay, vários. Sobre o que me influencia, respondi um pouco na pergunta anterior, eu gosto de ser livre, da musica livre, liberdade traz responsabilidade na busca pelo equilíbrio.

CHH: Recentemente você concorreu no quadro Garagem do Faustão, da TV Globo, e teve uma excelente aceitação do público. O que você acha que falta para que o Rap tenha seu espaço garantido nos veículos de comunicação em massa?
Lívia Cruz: Não falta nada, algumas das figuras mais importantes do Rap nacional tem esse espaço e não usam porque não querem, outros usam o espaço que tem, da forma que acham adequado. O mercado musical está cansado, está sem novidades há muito tempo, quando eu digo “o mercado”... estou falando o da massa, o da grande indústria, das gravadoras, seus programas de TV e rádio. Uma prova disso é essa renovada que a MTV deu na sua premiação, tanto nas categorias, quanto nos critérios de indicação, o garagem do Faustão, como tantos outros semelhantes, surgiram por isso. Acho que estamos em um momento bom, nós do independente, de criar novos mercados, novas formas de fazer o negócio, e bom também pra nós do Rap em especial, enquanto essas novas fórmulas vão surgindo, vamos ocupando os espaços, nos renovando também, o Rap é a cara da juventude brasileira, uma das provas, é que essa gente que opera a máquina da indústria,andou colocando umas cópias nas prateleiras, mas essas não vendem, por que ao contrário do que eles pensam, nossa gente não é burra. Aos poucos eles se renovam também, começam a pensar de outro jeito.

CHH: Fale sua trajetória na música. Quais os objetivos que alcançou e quais ainda pretende alcançar?
Lívia Cruz: Eu já trabalhei com gente muito boa, mesmo quando era mais como diversão do que profissão. Comecei cantando com um grupo de Recife chamado “Atitude Real” que nem existe mais, já escrevia alguns versos e senti que o espaço não era aquele, então sai do grupo. Mudei pro Rio de Janeiro, vivi no bairro de Santa Tereza, pertinho da Lapa, fiz minha primeira gravação no Campo de Concentração, em um beat do DJ Babão. Aori, Iky, Funkero, e mais dezenas de visitantes produziam seus lances lá, foi uma fase incrível, de muito aprendizado, ali eu convivi com Mestres, caras de quem me tornei fã como MCs e como pessoas. O caminho me trouxe oportunidades de trabalhar com artistas muito talentosos, fiz shows com os grupos NegaAtiva, Hanna Lima, Brutal Crew, na fundação progresso, Teatro Odisseia, CCBB, Sesc Niterói, Pompeia, gravei com o Aori (Inumanos), KL JAY, Viela 17, Don L, Angel Duarte, Ariel Haller, Nave, Dario, Dj Hadji. Sabe... da primeira vez que subi em um palco até hoje, meus objetivos mudaram tanto, e tudo que aconteceu e está acontecendo, eu nunca tinha ousado imaginar, acho que essa é a graça do lance, ser sempre surpreendente. Meus objetivos hoje são viver da minha musica e continuar sendo surpreendida.

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